Conhecidos popularmente como “chips da beleza”, os implantes hormonais têm atraído atenção por suas promessas de emagrecimento, aumento da libido e ganho de massa muscular, mas também têm levantado preocupações sérias sobre a saúde e a segurança dos pacientes.
Os implantes hormonais são pequenos dispositivos, geralmente parecidos com cápsulas, que liberam hormônios, como a testosterona e o estrogênio, no corpo de forma contínua. Eles têm usos legítimos, como métodos contraceptivos de longa duração e no tratamento de problemas de saúde como a endometriose. Porém, nos últimos anos, muitos médicos começaram a prescrevê-los com a promessa de benefícios estéticos, como perda de gordura corporal e aumento de massa muscular, sem uma indicação clara de necessidade médica.
Em outubro de 2024, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução que impôs restrições à produção e ao uso de implantes hormonais manipulados — aqueles feitos em farmácias de manipulação. A razão para isso é simples: a Anvisa está preocupada com a falta de segurança desses produtos. Segundo a agência, há relatos de complicações que envolvem a manipulação inadequada desses hormônios, o que poderia representar riscos à saúde.
Por que a Anvisa decidiu agir?
A Anvisa se baseou em dados fornecidos pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, que mostraram problemas associados ao uso desses implantes manipulados, como efeitos colaterais inesperados e riscos à saúde. A decisão também está de acordo com uma lei que permite ao Ministério da Saúde suspender a fabricação e venda de produtos que possam ser prejudiciais à saúde, mesmo que já tenham sido aprovados anteriormente.
Além disso, em 2023, um grupo de sete sociedades médicas enviou uma carta à Anvisa pedindo uma regulamentação mais rígida para os implantes hormonais, devido ao aumento de sua utilização de forma inadequada e sem indicação médica.
Os especialistas apontam que muitos desses implantes, principalmente os manipulados, contêm misturas de hormônios que podem ter efeitos imprevisíveis no corpo humano. Entre os riscos estão alterações no humor, crescimento de pelos, acne, ganho de peso, além de problemas mais graves, como aumento no risco de certos tipos de câncer. Além disso, como muitas vezes esses implantes são promovidos com foco nos benefícios estéticos, os riscos são minimizados ou não são mencionados de forma clara.
O debate sobre a segurança dos implantes
Há uma grande controvérsia sobre a segurança dos implantes hormonais. Grupos que defendem seu uso afirmam que eles são seguros e eficazes, baseando-se em alguns estudos que mostram uma baixa incidência de efeitos adversos. Por exemplo, Gary Donovitz, fundador de uma empresa de implantes hormonais, conduziu uma pesquisa com mais de 1 milhão de procedimentos e alegou que apenas 1% dos casos tiveram efeitos colaterais.
No entanto, críticos desses estudos destacam que há conflitos de interesse, já que muitos são conduzidos por empresas que lucram com a venda desses produtos. Além disso, em investigações passadas, foram descobertos problemas graves, como a falta de notificação de eventos adversos, que poderiam distorcer os dados apresentados.
A manipulação dos hormônios é segura?
Outro ponto importante nesse debate é a diferença entre implantes industrializados, feitos por grandes empresas sob rigorosos controles de qualidade, e os implantes manipulados, que são preparados em farmácias de manipulação. Estudos mostraram que, embora os implantes industrializados tenham qualidade e dosagem consistentes, os manipulados podem apresentar variações na composição e até contaminações, o que pode comprometer sua segurança e eficácia.
O que você precisa saber
Se você está considerando o uso de implantes hormonais, é importante estar bem informado sobre os riscos e os benefícios. Consulte profissionais de saúde confiáveis, desconfie de promessas milagrosas e procure saber a origem do produto que você está usando. Lembre-se de que a saúde é algo sério e que a busca por padrões estéticos deve sempre respeitar os limites da segurança e do bem-estar.
Fontes: Link, Link 2, Link 3, Link 4.