Uma equipe de cientistas descobriu uma forma de manipular o metabolismo das células cancerosas para aumentar a imunidade do organismo contra o melanoma, um tipo de câncer de pele.
O estudo, publicado na revista Nature Metabolism, mostra que alterar um passo inicial na produção de energia nas mitocôndrias, as usinas de energia das células, reduz o crescimento do tumor e melhora a resposta imune em camundongos.
O melanoma é um dos tipos de câncer mais agressivos e resistentes à quimioterapia e à radioterapia. Uma das estratégias mais promissoras para combatê-lo é a imunoterapia, que consiste em estimular o sistema imunológico do paciente a reconhecer e eliminar as células cancerosas. No entanto, nem todos os pacientes respondem bem a esse tratamento, pois os tumores podem se tornar invisíveis para as células imunes.
Os pesquisadores do Instituto Salk descobriram que uma das formas de tornar os tumores mais visíveis é interferir no metabolismo mitocondrial das células cancerosas. Eles explicam que as mitocôndrias geram energia a partir da glicose (açúcar) através de uma série de reações químicas que envolvem elétrons. Esses elétrons podem seguir dois caminhos iniciais dentro das mitocôndrias: o complexo I ou o complexo II.
A equipe forçou os elétrons a seguirem apenas um dos dois caminhos, usando drogas ou modificando geneticamente as células. Eles observaram que, quando os elétrons seguiam apenas o complexo II, havia uma superprodução de um metabólito chamado succinato, que ativava o processo imunológico. O succinato levava à expressão de genes e proteínas imunes no núcleo e à elevação de uma proteína chamada MHC na superfície do tumor. A MHC é responsável por apresentar fragmentos de proteínas do tumor às células T “assassinas”, que são capazes de eliminar as células cancerosas.
Os resultados mostraram que os camundongos tratados com a manipulação mitocondrial apresentaram uma redução significativa no crescimento do melanoma e um aumento na sobrevivência. Além disso, eles responderam melhor à imunoterapia, pois seus tumores se tornaram mais reconhecíveis pelas células T.
Os autores do estudo afirmam que essa descoberta abre novas possibilidades para o tratamento do câncer, mas alertam que ainda há muito a ser feito. Eles pretendem explorar formas de aproveitar esse mecanismo sem prejudicar as mitocôndrias, que são essenciais para as funções celulares normais. Eles também continuarão a estudar o papel do metabolismo mitocondrial no câncer, nas respostas imunes e na eficácia da imunoterapia.
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