Nova pesquisa revela que a ansiedade pode ser controlada por células imunológicas do cérebro, mudando a compreensão sobre a origem da ansiedade.
A ansiedade, que atinge milhões de pessoas no mundo, pode não nascer dos neurônios como a ciência acreditou por décadas. Uma descoberta da University of Utah Health aponta para um novo protagonista no controle desse estado emocional: as células do sistema imunológico do cérebro, conhecidas como micróglias. A revelação abre uma nova fronteira nos estudos de saúde mental e pode transformar o futuro dos tratamentos.
O Sistema Imunológico do Cérebro Entra em Cena
Em vez de focar nos neurônios, os pesquisadores voltaram os holofotes para a micróglia, células responsáveis por defender o cérebro. O estudo mostra que essas células imunológicas têm impacto direto no comportamento ansioso, indicando que o equilíbrio do sistema imunológico cerebral pode ser tão importante quanto a química neural.
Segundo Donn Van Deren, PhD, “quando o sistema imunológico do cérebro tem um defeito e não é saudável, pode resultar em distúrbios neuropsiquiátricos muito específicos”.
Cérebro com Acelerador e Freio: Como a Ansiedade É Regulada
Os cientistas descobriram dois tipos de micróglia que atuam como forças opostas:
Micróglia não-Hoxb8 — o acelerador da ansiedade
Quando presentes sozinhas, aumentam comportamentos ansiosos e compulsivos, como evitar espaços abertos e se limpar repetidamente.
Micróglia Hoxb8 — o freio da ansiedade
Neutralizam o efeito do “acelerador”, mantendo o comportamento em equilíbrio.
Mario Capecchi, PhD, explica: “essas duas populações de micróglia têm papéis opostos. Juntas, definem os níveis certos de ansiedade”.
A descoberta veio após testes em que bloquear todas as micróglias não alterou o comportamento dos animais. Isso sugeriu que grupos opostos se anulavam — e era exatamente o que acontecia.
Impacto Para os Tratamentos: Uma Nova Rota Fora dos Neurônios
A descoberta abre caminho para terapias que não se concentram apenas nos neurônios e neurotransmissores, como a maioria dos medicamentos atuais. Ela sugere que modular o sistema imunológico do cérebro pode ser a chave para controlar a ansiedade, ampliando as possibilidades de tratamento no futuro.
Embora ainda distante da aplicação clínica, o estudo indica que humanos também possuem essas duas populações de micróglia, o que torna a pesquisa altamente promissora.
Uma Nova Fronteira da Saúde Mental
A ideia de que nossas emoções podem ser influenciadas por células imunológicas muda completamente o mapa da saúde mental. Para quem convive com ansiedade, essa descoberta representa mais do que um avanço científico: é uma nova esperança. Ela inaugura a era da neuroimunologia, onde mente e sistema imunológico conversam de forma muito mais profunda do que se imaginava.
E fica um questionamento que provoca e instiga:
se o sistema imunológico do cérebro tem tanto poder sobre nossas emoções, que outros segredos ainda pode guardar?
