Um novo teste para diagnosticar a doença inflamatória intestinal (DII) pode estar mais perto de se tornar realidade, graças a uma descoberta feita por pesquisadores da Universidade de Alberta e da Universidade de Calgary, no Canadá.
Eles encontraram uma maneira de diferenciar entre as duas formas mais comuns de DII, a doença de Crohn e a colite ulcerativa, usando apenas uma amostra de sangue.
A doença inflamatória intestinal é um termo que abrange várias condições que causam inflamação crônica no trato digestivo. Os sintomas podem incluir dor abdominal, diarreia, sangramento retal, perda de peso e fadiga. A doença de Crohn e a colite ulcerativa são as duas formas mais prevalentes de DII, afetando cerca de 270 mil canadenses e 3 milhões de pessoas nos Estados Unidos.
No entanto, o diagnóstico dessas doenças não é fácil, pois elas têm sintomas semelhantes, mas requerem tratamentos diferentes. Os métodos atuais para diagnosticar a DII envolvem procedimentos invasivos, como colonoscopia ou biópsia, que podem ser desconfortáveis, caros e demorados.
Os pesquisadores canadenses descobriram uma forma potencialmente mais simples e menos invasiva de diagnosticar a DII, baseada na análise dos açúcares que se ligam aos anticorpos no sangue. Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico para combater infecções ou substâncias estranhas. Eles têm moléculas de açúcar chamadas glicanos anexadas a eles, que podem variar dependendo do tipo de anticorpo e do estado de saúde da pessoa.
Os pesquisadores se concentraram em dois tipos de anticorpos chamados IgA1 e IgA2, que são encontrados principalmente nas mucosas do corpo, como o intestino. Eles analisaram mais de 400 amostras de plasma clínico de pacientes com DII, junto com quase 200 controles saudáveis, usando uma combinação de cromatografia líquida e espectrometria de massa. Essas técnicas permitem separar e identificar as diferentes formas dos anticorpos e seus glicanos.
Os resultados mostraram que os padrões de glicosilação dos anticorpos IgA1 e IgA2 eram diferentes entre os pacientes com doença de Crohn, os pacientes com colite ulcerativa e os controles saudáveis. Por exemplo, os pacientes com doença de Crohn tinham IgAs com menos açúcares ramificados, mas mais glicosilação no geral em comparação com os outros grupos. Os pacientes com colite ulcerativa tinham mais glicanos ligados à extremidade oposta da cadeia proteica do IgA do que o grupo controle.
Essas diferenças nos padrões de glicosilação dos anticorpos podem servir como biomarcadores para distinguir entre as duas doenças. Os pesquisadores usaram esses padrões para construir um modelo estatístico preliminar que poderia prever o grupo da doença com base nos dados dos glicanos. Eles esperam que esse modelo possa ser expandido ainda mais para ser usado como um teste diagnóstico para a DII no futuro.
O estudo foi publicado na revista Scientific Reports e foi financiado pelo Canadian Institutes of Health Research (CIHR) e pela Crohn’s and Colitis Canada. Os autores esperam que sua descoberta possa levar a um teste mais rápido, mais barato e menos invasivo para a DII, o que poderia melhorar a qualidade de vida dos pacientes e ajudar os médicos a escolher o melhor tratamento para cada caso.
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