Os resultados da pesquisa realizada com roedores foram publicados na terça-feira (9) na revista americana Plos Biology e ainda terão que ser confirmados em testes clínicos em seres humanos, segundo as equipes de bioquímicos e químicos do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica francês (Inserm) e da Universidade de Rennes.
De acordo com o principal autor do estudo, Brice Felden, os cinetistas perceberam que uma toxina fabricada pelos estafilococos aureus, cujo papel era facilitar a infecção generalizada ou septicemia, era também capaz de matar outras bactérias presentes em nosso organismo. Eles modificaram, então, esta molécula para eliminar sua toxicidade para o organismo, conservando ao mesmo tempo suas propriedades antibacterianas.
Das cerca de 20 moléculas criadas, duas se mostraram eficazes para tratar ratos infectados com cepas resistentes de estafilococos aureus e de pseudomonas aeruginosa, bactéria que causa infecções adquiridas durante hospitalizações. A atividade antibacteriana destes compostos se deve em parte à sua capacidade de provocar uma permeabilidade da membrana das bactérias infecciosas, o que leva à sua morte.
Não foi observada nenhuma toxicidade nas outras células nem órgãos, “seja no animal ou em células humanas”, detalham os pesquisadores. Além disso, as bactérias em contato com esses antibióticos não desenvolvem nenhuma resistência às novas moléculas, inclusive quando os cientistas “criaram condições favoráveis ao desenvolvimento” dessas resistências. “A prudência continua se impondo neste ponto, já que a experiência foi realizada em prazos curtos, de até 15 dias”, adverte o artigo científico.
“Acreditamos que essas novas moléculas representam candidatos ao desenvolvimento de novos antibióticos, que podem fornecer tratamentos alternativos à resistência dos antimicrobianos”, estima Felden.
O desenvolvimento da resistência aos antibióticos freia a eficácia de alguns tratamentos existentes e “representa uma ameaça crescente para a saúde mundial”, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo um estudo britânico, este fenômeno poderia causar 10 milhões de mortes por ano até 2050.
* Com informações da AFP