O HIV/AIDS é uma das maiores crises de saúde pública da história, tendo causado mais de 35 milhões de mortes desde o início da epidemia na década de 1980.
Apesar dos avanços no tratamento e na prevenção, ainda há cerca de 38 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo, e mais de 690 mil morreram em 2020. No entanto, há esperança de que o fim da pandemia de HIV seja possível até 2030, conforme os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
Um dos principais fatores que impulsionam essa esperança é a campanha U=U (indetectável = intransmissível), que se baseia em evidências científicas de que pessoas vivendo com HIV que mantêm uma carga viral baixa (menos de 1000 cópias por mL) têm quase zero risco de transmitir o vírus para seus parceiros sexuais. Essa descoberta, confirmada por um estudo que acompanhou mais de 1000 casais sorodiscordantes (um com HIV e outro sem) por oito anos, tem implicações profundas para a saúde e os direitos humanos das pessoas vivendo com HIV, que podem ter relações sexuais sem medo de infectar seus parceiros, além de reduzir o estigma e a discriminação que enfrentam na sociedade.
Outra iniciativa que visa acelerar o fim da pandemia de HIV é a Ending the HIV Epidemic nos Estados Unidos, lançada em 2019 pelo governo americano. Essa iniciativa tem como meta reduzir as novas infecções por HIV para menos de 3000 por ano até 2030, o que representaria uma queda de 90% em relação aos níveis atuais. Para isso, a iniciativa se concentra em quatro pilares: diagnosticar todas as pessoas com HIV, tratar todas as pessoas diagnosticadas, prevenir novas infecções por meio da profilaxia pré-exposição (PrEP) e outras estratégias, e responder rapidamente aos surtos locais do vírus.
No entanto, há também desafios e obstáculos para alcançar o fim da pandemia de HIV. Um deles é o financiamento global para o HIV/AIDS, que está em risco de diminuir ou ser interrompido por questões políticas e ideológicas. Um exemplo é o PEPFAR (President’s Emergency Plan for AIDS Relief), o principal doador de ajuda para o HIV/AIDS no mundo, que fornece recursos para mais de 50 países, principalmente na África Subsaariana. O PEPFAR está sob pressão dos republicanos no Congresso americano, que querem cortar seu orçamento ou condicioná-lo à proibição dos serviços de aborto. Além disso, há uma lacuna de financiamento para os programas de prevenção para as populações-chave, como homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, pessoas que usam drogas injetáveis e pessoas transgênero, que são as mais vulneráveis ao HIV, mas também as mais marginalizadas e discriminadas pela sociedade.
Outro desafio é abordar as desigualdades e os determinantes sociais da saúde que afetam a resposta ao HIV. Apesar dos progressos globais na redução das novas infecções e mortes por HIV, há disparidades regionais, raciais e de gênero que persistem ou se agravam. Por exemplo, na África Subsaariana, onde vive cerca de 70% das pessoas com HIV no mundo, as mulheres jovens têm duas vezes mais chances de contrair o vírus do que os homens jovens, por causa da violência sexual, da falta de acesso à educação e aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, e da falta de poder de negociação sobre o uso do preservativo. Nos Estados Unidos, os afro-americanos representam cerca de 13% da população, mas cerca de 43% das novas infecções por HIV em 2019. Essas desigualdades refletem as condições socioeconômicas e culturais que influenciam a vulnerabilidade ao HIV, como a pobreza, a exclusão, o racismo, o machismo, a homofobia e a transfobia.
Portanto, o fim da pandemia de HIV é possível, mas não é garantido. É preciso manter e ampliar os esforços para garantir que todas as pessoas tenham acesso ao tratamento e à prevenção do HIV, independentemente de onde vivem, de quem são ou de quem amam. É preciso também enfrentar as barreiras estruturais e sociais que impedem as pessoas de viverem com dignidade e saúde. Somente assim poderemos alcançar o objetivo de acabar com o HIV/AIDS como uma ameaça à saúde pública até 2030.
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