Você sabia que o calor excessivo pode afetar o seu cérebro e o seu desempenho no trabalho?
Pois é, o calor não só causa desconforto físico, mas também interfere nas funções cerebrais, podendo comprometer a sua saúde e a sua produtividade. Veja como isso acontece e como se proteger.
O calor altera os neurotransmissores
Os neurotransmissores são substâncias químicas que transmitem as informações entre os neurônios, as células nervosas. Eles são responsáveis por regular diversas funções do nosso organismo, como o humor, a agressividade, a cognição, a memória, a atenção e a aprendizagem. O calor excessivo pode alterar o equilíbrio dos neurotransmissores, especialmente da serotonina, que é um dos principais envolvidos na regulação do humor. Isso pode levar a alterações de comportamento, como irritabilidade, ansiedade, depressão e até violência. Além disso, o calor também pode prejudicar a capacidade de raciocínio, de tomada de decisão e de resolução de problemas.
O calor sobrecarrega o hipotálamo
O hipotálamo é uma região do cérebro que controla a temperatura corporal e outras funções vitais, como a fome, a sede, o sono e os hormônios. Quando estamos expostos ao calor excessivo, o hipotálamo precisa trabalhar mais para manter a temperatura adequada, enviando sinais para o corpo suar e aumentar a circulação sanguínea. No entanto, se o calor for muito intenso ou prolongado, o hipotálamo pode não dar conta da demanda e entrar em colapso. Isso pode causar desorientação, confusão mental, perda de consciência e até convulsões . Esses são sintomas de uma condição grave chamada hipertermia, que pode levar à morte se não for tratada rapidamente.
O calor afeta a barreira hematoencefálica
A barreira hematoencefálica é uma camada de células que protege o sistema nervoso central de substâncias nocivas que circulam no sangue. Ela impede que vírus, bactérias, toxinas e outras moléculas indesejadas entrem em contato com os neurônios e causem danos. No entanto, o calor excessivo pode afetar a integridade da barreira hematoencefálica, tornando-a mais permeável e vulnerável à invasão de agentes externos. Isso pode prejudicar os neurônios e afetar a função motora, causando fraqueza muscular, tremores e dificuldade de coordenação.
Como se proteger do calor
Diante desses riscos, é importante se proteger do calor e evitar a exposição direta ao sol nos horários mais quentes do dia. Algumas medidas simples podem fazer a diferença para preservar a sua saúde e o seu bem-estar:
- Beba bastante água para se hidratar e repor os sais minerais perdidos pelo suor.
- Use roupas leves, claras e soltas, que permitam a transpiração e a ventilação da pele.
- Aplique protetor solar no rosto e nas áreas expostas ao sol, para evitar queimaduras e câncer de pele.
- Busque ambientes frescos e ventilados sempre que possível. Se não houver ar-condicionado ou ventilador disponível, use um pano úmido ou uma garrafa de água gelada para refrescar o corpo.
- Evite esforços físicos excessivos e atividades que demandem muita concentração ou raciocínio lógico.
- Faça pausas regulares para descansar e recuperar a energia.
O calor no ambiente de trabalho
O calor no ambiente de trabalho também pode ser considerado um fator de insalubridade, dependendo da intensidade e do tempo de exposição. A Norma Regulamentadora 15 (NR 15) estabelece os limites de tolerância para o calor, baseados no índice de bulbo úmido termômetro de globo (IBUTG), que leva em conta a temperatura, a umidade e a radiação do ambiente. Segundo o anexo 3 da NR 15, os trabalhadores que exercem atividades em ambientes com IBUTG acima de 26,7°C têm direito a receber adicional de insalubridade, que pode variar entre 10% a 40% do salário-mínimo, conforme o grau de risco . Além disso, a NR 15 também prevê pausas para descanso e recuperação térmica, que devem ser respeitadas pelos empregadores e pelos empregados.
O excesso de calor pode causar diversos problemas de saúde, como desidratação, fadiga, cãibras, tonturas, náuseas, insolação e até mesmo choque térmico. Por isso, é importante se prevenir e se cuidar.