Um novo estudo publicado revelou novos insights sobre a genética dos níveis de glicose no sangue e as complicações do diabetes tipo 2.
O estudo envolveu quase meio milhão de pessoas de diferentes origens e descreveu novas variantes de DNA que influenciam esses níveis, bem como a resposta aos medicamentos e os danos aos pulmões causados pela doença.
A glicose no sangue é uma medida importante da saúde metabólica e está relacionada ao risco de desenvolver diabetes tipo 2, uma condição crônica que afeta mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. O nível de glicose no sangue pode variar ao longo do dia, dependendo de fatores como alimentação, exercício e estresse. No entanto, algumas pessoas têm níveis mais altos ou mais baixos do que o normal, o que pode indicar um problema subjacente.
Os pesquisadores analisaram os dados genéticos e os níveis de glicose no sangue “aleatórios” de 487.647 participantes do UK Biobank, um grande banco de dados de saúde e pesquisa. Eles identificaram 111 locais no genoma humano que estão associados a esses níveis, dos quais 93 eram previamente desconhecidos. Esses locais contêm genes que podem estar envolvidos na regulação da glicose no sangue, como o gene GLP1R, que é o alvo de uma classe de medicamentos usados para tratar o diabetes tipo 2 e a obesidade.
O estudo também mostrou que as respostas individuais aos medicamentos da classe dos GLP1R agonistas podem depender de variantes de DNA no gene GLP1R. Os pesquisadores descobriram que as pessoas que tinham uma variante específica tinham uma redução maior nos níveis de glicose no sangue após o tratamento com esses medicamentos do que as pessoas que não tinham essa variante. Essa descoberta pode ajudar a personalizar o tratamento para os pacientes com diabetes tipo 2, escolhendo o medicamento mais adequado para cada perfil genético.
Além disso, o estudo revelou, pela primeira vez, que o diabetes tipo 2 pode causar diretamente danos aos pulmões. A função pulmonar foi medida usando dois testes comuns de espirometria: capacidade vital forçada (CVF), que mede o volume máximo de ar que uma pessoa pode expirar após uma inspiração máxima; e volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), que mede o volume de ar que uma pessoa pode expirar no primeiro segundo após uma inspiração máxima. A análise mostrou que níveis altos de glicose no sangue prejudicam a capacidade e o funcionamento dos pulmões, aumentando o risco de complicações respiratórias como asma, bronquite e enfisema.
Por fim, o estudo destacou a importância do trato gastrointestinal, onde o intestino delgado, o íleo e o cólon desempenham papéis importantes na regulação dos níveis de glicose no sangue, além do papel bem estabelecido do pâncreas. Os pesquisadores sugerem que essas regiões podem ser alvos potenciais para novas terapias para o diabetes tipo 2.
O estudo é o maior e mais abrangente sobre a genética dos níveis de glicose no sangue “aleatórios” e fornece novas informações sobre os mecanismos moleculares e fisiológicos envolvidos na homeostase da glicose. Os resultados podem ter implicações para a prevenção, diagnóstico e tratamento do diabetes tipo 2 e suas complicações.
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