Os anticolinérgicos são medicamentos que bloqueiam a ação da acetilcolina, um neurotransmissor que está envolvido na memória, aprendizagem e cognição.
Eles são usados para tratar várias condições, como alergias, congestão nasal, insônia, depressão e incontinência urinária. No entanto, esses medicamentos também podem ter efeitos colaterais indesejados, especialmente para o cérebro. Vários estudos mostraram que o uso de anticolinérgicos está associado a um maior risco de desenvolver demência e Alzheimer.
Um dos primeiros estudos a sugerir essa ligação foi publicado em 2009 por pesquisadores da Universidade de Washington. Eles acompanharam mais de 3.000 pessoas com 65 anos ou mais por sete anos e descobriram que aquelas que usaram anticolinérgicos por mais de três anos tiveram um risco 54% maior de desenvolver demência do que aquelas que não usaram. O risco foi maior para os medicamentos com propriedades anticolinérgicas mais fortes, como a difenidramina, um anti-histamínico comum usado para alergias e sono.
Outro estudo, publicado em 2015 por pesquisadores da Universidade de Indiana, analisou mais de 400 pessoas com idades entre 70 e 85 anos e mediu seus níveis de atividade cerebral usando tomografia por emissão de pósitrons (PET). Eles descobriram que os participantes que usaram anticolinérgicos tiveram uma redução significativa no metabolismo da glicose no cérebro, um indicador de função cerebral. Eles também tiveram pior desempenho em testes de memória e raciocínio.
Um estudo mais recente, publicado em 2020 por pesquisadores da Universidade de Nottingham, examinou os registros médicos de quase 59.000 pessoas com diagnóstico de demência e mais de 225.000 pessoas sem demência no Reino Unido. Eles descobriram que os participantes que tomaram anticolinérgicos nos 10 anos anteriores ao diagnóstico tiveram um risco 6% maior de desenvolver demência do que aqueles que não tomaram. O risco aumentou com a dose cumulativa dos medicamentos e não dependeu da predisposição genética para a doença.
Esses estudos sugerem que os anticolinérgicos podem ter um efeito prejudicial no cérebro ao longo do tempo, interferindo na sinalização da acetilcolina e causando danos às células nervosas. No entanto, eles não provam uma relação causal entre os medicamentos e a demência, pois podem haver outros fatores envolvidos, como a gravidade das condições tratadas pelos medicamentos ou o estilo de vida dos usuários.
Portanto, os pesquisadores recomendam cautela ao usar esses medicamentos, especialmente para pessoas idosas ou com risco aumentado de demência. Eles também sugerem que os médicos revisem regularmente as prescrições dos pacientes e considerem alternativas menos prejudiciais quando possível.
Uma das iniciativas nesse sentido é liderada pelo Dr. Malaz Boustani, professor de medicina da Universidade de Indiana e diretor do Centro de Inovação em Saúde Cerebral. Ele desenvolveu uma escala de carga anticolinérgica (ACB) que classifica os medicamentos de zero a três com base na força de suas propriedades anticolinérgicas. Ele também está testando métodos para “desprescrever” os anticolinérgicos, como um aplicativo móvel que alerta os pacientes sobre os riscos dos medicamentos ou um plano personalizado com um farmacêutico para reduzir ou interromper o uso dos medicamentos.
O objetivo é aumentar a conscientização sobre os potenciais danos dos anticolinérgicos e promover uma abordagem mais segura e eficaz para o tratamento das condições subjacentes. Como disse Boustani: “Não queremos assustar as pessoas ou fazer com que parem de tomar seus medicamentos sem consultar seus médicos. Queremos que elas tenham uma conversa informada e compartilhada sobre os benefícios e riscos dos medicamentos e as possíveis alternativas”.
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