A pandemia de COVID-19 nos mostrou como uma doença que se origina em animais pode se espalhar rapidamente pelo mundo e causar enormes danos à saúde humana, à economia e ao meio ambiente.
Mas será que estamos fazendo o suficiente para evitar que isso aconteça novamente?
Um novo relatório da Animal Wellness Action, uma organização sem fins lucrativos que defende o bem-estar animal, sugere que não. O relatório, intitulado “Zoonotic Disease Threats in the United States: The Role of Live Animal Markets”, analisa 36 mercados de animais vivos nos EUA e revela que eles são enormes, diversos e pouco regulamentados, o que aumenta o risco de doenças que passam de animais para humanos, conhecidas como zoonoses.
Os mercados de animais vivos são lugares onde os consumidores podem comprar animais vivos ou recém-abatidos para consumo ou outros fins. Eles podem variar desde pequenas lojas até grandes complexos com centenas de espécies diferentes. Alguns desses mercados vendem apenas animais domésticos, como galinhas, porcos e vacas, enquanto outros vendem também animais exóticos, como cobras, tartarugas e macacos.
O problema é que esses mercados criam condições ideais para a transmissão de zoonoses. Os animais são mantidos em espaços apertados e insalubres, onde podem se infectar uns aos outros ou aos humanos que os manuseiam ou consomem. Além disso, muitos desses animais são provenientes de cadeias de fornecimento longas e obscuras, que podem envolver contrabando, caça furtiva ou tráfico ilegal. Isso significa que eles podem carregar vírus ou bactérias desconhecidos ou resistentes a medicamentos, que podem saltar para os humanos sem aviso prévio.
O relatório identifica vários fatores que tornam um mercado mais perigoso do que outro, como superlotação, saneamento, interação entre humanos e animais, e comprimento das cadeias de fornecimento. Ele destaca três indústrias que precisam de maior atenção: a agricultura animal industrial, o comércio de animais exóticos e a criação de peles.
A agricultura animal industrial é a prática de criar grandes quantidades de animais em confinamento intensivo para produzir carne, leite ou ovos. Essa indústria é responsável por cerca de 99% dos animais criados para consumo nos EUA. No entanto, ela também é uma fonte potencial de zoonoses, pois os animais são submetidos a estresse crônico, mutilações, antibióticos e hormônios, que podem afetar seu sistema imunológico e facilitar a propagação de doenças. Alguns exemplos de zoonoses associadas à agricultura animal industrial são a gripe aviária, a gripe suína e a doença da vaca louca.
O comércio de animais exóticos é a atividade de comprar e vender animais selvagens ou não nativos para fins comerciais ou pessoais. Essa indústria movimenta bilhões de dólares por ano e envolve milhões de animais. No entanto, ela também é uma fonte potencial de zoonoses, pois os animais são retirados de seus habitats naturais, onde podem ter sido expostos a patógenos desconhecidos ou endêmicos, e transportados por longas distâncias em condições precárias, onde podem se misturar com outras espécies ou entrar em contato com humanos. Alguns exemplos de zoonoses associadas ao comércio de animais exóticos são a febre hemorrágica Ebola, a síndrome respiratória aguda grave (SARS) e a COVID-19.
A criação de peles é a prática de criar animais para obter suas peles para uso na indústria da moda ou outros fins. Essa indústria envolve cerca de 100 milhões de animais por ano em todo o mundo. No entanto, ela também é uma fonte potencial de zoonoses, pois os animais são mantidos em gaiolas apinhadas e sujas, onde podem sofrer de doenças, parasitas, feridas e canibalismo. Além disso, muitos desses animais são abatidos por métodos cruéis, como eletrocussão, gaseamento ou quebra de pescoço, que podem liberar fluidos corporais contaminados. Alguns exemplos de zoonoses associadas à criação de peles são a raiva, a leptospirose e o coronavírus do vison.
O relatório defende que os EUA não têm um esquema regulatório abrangente para lidar com esses riscos e que a resposta é reativa, esperando até depois de um surto em vez de regular proativamente as espécies que sabemos que carregam essas doenças. Ele propõe uma estratégia unificada e preventiva que possa preencher as lacunas e orientar as agências com um mandato de saúde pública. Algumas das medidas sugeridas são:
- Proibir ou restringir o comércio e o consumo de animais exóticos ou selvagens, especialmente aqueles que são considerados de alto risco para zoonoses.
- Melhorar o bem-estar animal e as práticas sanitárias na agricultura animal industrial, reduzindo a densidade populacional, eliminando o uso rotineiro de antibióticos e hormônios, e implementando sistemas de rastreabilidade e inspeção.
- Eliminar gradualmente a criação de peles e incentivar o uso de alternativas sintéticas ou vegetais.
- Aumentar a conscientização pública sobre os perigos das zoonoses e promover hábitos alimentares mais saudáveis e sustentáveis.
O relatório conclui que os mercados de animais vivos nos EUA representam uma ameaça séria e iminente para a saúde pública e que é preciso agir agora para evitar a próxima pandemia.
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