Uma equipe de pesquisadores da USC Leonard Davis School of Gerontology, nos EUA, identificou uma mutação genética em uma pequena proteína que oferece uma proteção significativa contra a doença de Parkinson.
Com isso surge uma nova direção para explorar possíveis tratamentos. O estudo foi publicado na revista Molecular Psychiatry em 3 de janeiro de 2024.
A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo que afeta cerca de 10 milhões de pessoas no mundo, causando tremores, rigidez, lentidão de movimentos e problemas de equilíbrio. A causa exata da doença ainda é desconhecida, mas acredita-se que esteja relacionada a fatores genéticos e ambientais que levam à morte de neurônios produtores de dopamina, um neurotransmissor essencial para o controle dos movimentos.
A mutação descoberta pelos cientistas está localizada em uma proteína chamada SHLP2, que é produzida dentro das mitocôndrias, as organelas responsáveis pela geração de energia nas células. A SHLP2 faz parte de um grupo de moléculas pequenas e pouco estudadas chamadas de microproteínas derivadas das mitocôndrias (MDPs), que podem ter funções importantes na regulação celular e na saúde.
A variante da SHLP2 encontrada pelos pesquisadores é altamente protetora contra a doença de Parkinson; indivíduos com essa mutação têm metade da probabilidade de desenvolver a doença do que aqueles que não a possuem. A forma variante da proteína é relativamente rara e é encontrada principalmente em pessoas de ascendência europeia.
O líder do estudo, o professor Pinchas Cohen, que descobriu a SHLP2 em 2016, disse que o estudo avança o conhecimento sobre por que as pessoas podem desenvolver Parkinson e como podem ser desenvolvidas novas terapias para essa doença devastadora. Ele também destacou a relevância de explorar as MDPs, que podem ter potencial terapêutico em outras doenças relacionadas ao envelhecimento, como Alzheimer, câncer, diabetes e doenças cardiovasculares.
O estudo abre uma nova direção para explorar possíveis tratamentos para a doença de Parkinson, baseados na modulação da SHLP2 ou de outras MDPs. Os pesquisadores esperam que, no futuro, seja possível desenvolver intervenções farmacológicas que possam aumentar ou imitar os efeitos benéficos da SHLP2 e de outras MDPs nas células nervosas, prevenindo ou retardando a progressão da doença de Parkinson e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.