Qual a última vez que você doou sangue? Como está o estoque do seu tipo sanguíneo no hemocentro da sua cidade? Você está apto a doar sangue? Essas são algumas das questões que motivaram estudantes da Escola Técnica Estadual (Etec) Philadelpho Gouvêa Netto, em São José do Rio Preto (SP), a criar um aplicativo para conectar doadores e bancos de sangue. A plataforma Doe-se foi vencedora do Prêmio StartUp in School, promovido pela consultoria Ideias do Futuro, em parceria com o Google e o Centro Paula Souza.
“Nós fomos até Barretos, acompanhamos a doação e identificamos que eles têm muita dificuldade em captar doadores e fidelizá-los. É muito complicado e muito arcaico. Eles mandam e-mail e carta para as pessoas. É um trabalho manual”, disse Jhulia Braga, estudante que participou do desenvolvimento da plataforma. Ela informou que uma das propostas do Doe-se é enviar alertas aos usuários quando o tipo sanguíneo deles estiver em baixa nos estoques ou quando já decorreu o prazo necessário para que façam nova doação.
O prêmio StartUp in School previa uma mentoria para o desenvolvimento da plataforma. Para estruturar o projeto do aplicativo, o grupo da Etec teve apoio do Hemocentro do Hospital de Base, instituição ligada à Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), da Beneficência Portuguesa e do Hospital de Amor (antigo Hospital do Câncer de Barretos). Por meio dessas parcerias, foram feitas visitas técnicas, testes com usuários, banco de dados e apresentação de protótipos.
Com a pesquisa de campo, os estudantes viram que as campanhas de doação poderiam ser mais efetivas se as pessoas fossem convencidas a doar sangue com regularidade. Um dos problemas para manutenção dos estoques de bancos de sangue é que os doadores não costumam retornar e que há sempre um retrabalho para conquistar novos voluntários. Segundo recomendação da Fundação Pró-Sangue, os homens podem fazer até quatro doações por ano, dentro de intervalos de três meses, e as mulheres, até três, com intervalos de quatro meses entre uma e outra.
Com o aplicativo, o usuário poderá preencher o formulário de triagem, evitando uma ida desnecessária, caso haja restrição; e também agendar a doação. A plataforma disponibiliza ainda informações sobre mitos e estigmas que confundem doadores. É possível se informar sobre o perfil de quem pode doar, a periodicidade e os procedimentos necessários. A versão do aplicativo deve ser produzida ainda neste ano. “Fizemos o site, que tem as funcionalidades do aplicativo. A pessoa pode entrar e se cadastrar. Temos um hemocentro parceiro, que é o de São José do Rio Preto”, explicou a estudante.
A mentoria do grupo chegou à fase final depois de reuniões semanais que ocorreram desde janeiro deste ano. Agora, o projeto poderá ser apresentado a investidores. “Estamos estudando se as empresas pagariam para o Doe-se promover a doação e se a gente consegue vender uma plataforma de controle de estoque para os hemocentros, porque, hoje em dia, a maioria é manual”, ressaltou a jovem. Além de Jhulia, compõem o grupo os alunos Davi Massaru, Gabrielle Stevanelli, João Antonio Braga, João Victor Garcia Soares e Luis Henrique Silva.
“É uma experiência de crescimento tanto na questão de responsabilidade, de correr atrás, de fazer campanhas. Fizemos palestras no parque tecnológico da cidade, na Etec. A gente vai criando responsabilidade e crescendo em conhecimento, tanto na área de apresentação, de comunicação, como na área mais técnica”, afirmou Jhulia.
Edição: Nádia Franco