Os alimentos ultraprocessados são aqueles que passam por várias etapas de processamento industrial e contêm ingredientes artificiais, como corantes, aromatizantes, conservantes e realçadores de sabor.
Eles são muito comuns nas prateleiras dos supermercados e nas mesas dos brasileiros, mas podem trazer sérios riscos à saúde.
Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) analisou 1.824 produtos ultraprocessados disponíveis em 35 supermercados de cinco regiões do Brasil e constatou que 98,8% deles têm ingredientes críticos em excesso ou aditivos cosméticos. Esses ingredientes podem causar problemas como obesidade, diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, alergias, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, alteração da microbiota intestinal e câncer .
Ingredientes críticos em excesso
Os ingredientes críticos em excesso são aqueles que estão presentes em quantidades acima das recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e que podem prejudicar a saúde. Eles são o sódio, as gorduras e os açúcares livres.
O estudo da USP revelou que 97,1% dos alimentos ultraprocessados têm sódio, gorduras e açúcares livres em excesso. Esses ingredientes estão associados ao desenvolvimento de obesidade e outras doenças crônicas.
Por exemplo, um pacote de biscoito recheado pode ter até 20 gramas de açúcar livre, o que equivale a quatro colheres de chá. Isso representa 80% do limite diário recomendado pela OMS para um adulto. Já uma lata de refrigerante pode ter até 360 miligramas de sódio, o que corresponde a 15% do limite diário recomendado pela OMS para um adulto.
Aditivos cosméticos
Os aditivos cosméticos são aqueles que são usados para realçar a cor, o sabor ou a textura dos alimentos ultraprocessados. Eles não têm valor nutricional e podem ter efeitos adversos na saúde.
O estudo da USP apontou que 82,1% dos alimentos ultraprocessados contêm aditivos cosméticos. Esses aditivos podem causar alergias, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, alteração da microbiota intestinal e câncer.
Por exemplo, um salgadinho pode ter até 15 aditivos cosméticos diferentes, como corantes artificiais, aromatizantes sintéticos e glutamato monossódico. Esses aditivos podem provocar reações alérgicas em pessoas sensíveis, como urticária, coceira e inchaço. Além disso, alguns aditivos podem afetar o comportamento das crianças, causando hiperatividade, irritabilidade e dificuldade de concentração.
Diferença de legislação
O estudo da USP também comparou os rótulos dos mesmos produtos em diferentes países e constatou que há variação na composição conforme a legislação. Por exemplo, um refrigerante no Brasil pode ter 66 vezes mais de uma substância potencialmente cancerígena do que nos Estados Unidos.
Isso se deve ao fato de que cada país tem seus próprios critérios para regular os alimentos ultraprocessados. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a responsável por estabelecer os limites máximos permitidos para os ingredientes críticos em excesso e os aditivos cosméticos nos alimentos. No entanto, esses limites nem sempre seguem as recomendações da OMS ou as evidências científicas mais recentes.
Desafios e soluções
O estudo da USP discute os desafios para mudar o cenário dos alimentos ultraprocessados no Brasil, considerando os aspectos sociais, econômicos e culturais. Entre os desafios, estão a falta de informação dos consumidores, o baixo poder aquisitivo, a influência da publicidade, a escassez de alimentos naturais e a perda de hábitos alimentares tradicionais.
Para enfrentar esses desafios, o estudo sugere algumas soluções, como conscientização dos consumidores, aumento de poder aquisitivo, legislações mais restritivas e ética na produção de alimentos.
Uma das soluções propostas é a adoção do Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde em parceria com a USP. O guia recomenda que os alimentos ultraprocessados sejam evitados ou consumidos em pequenas quantidades, dando preferência aos alimentos naturais ou minimamente processados.
Outra solução é a implementação do sistema de rotulagem nutricional frontal, que consiste em colocar um símbolo na parte da frente da embalagem dos alimentos ultraprocessados para indicar se eles têm ingredientes críticos em excesso ou aditivos cosméticos. Esse sistema visa facilitar a escolha dos consumidores e estimular os fabricantes a melhorar a qualidade dos produtos.
Além disso, o estudo defende que é preciso haver uma maior fiscalização e regulamentação dos alimentos ultraprocessados no Brasil, seguindo as orientações da OMS e das melhores práticas internacionais. Isso envolve limitar o uso de ingredientes críticos em excesso e aditivos cosméticos, proibir o uso de substâncias potencialmente nocivas, restringir a publicidade dirigida ao público infantil e garantir a transparência e a veracidade das informações nos rótulos.
Por fim, o estudo ressalta que é preciso valorizar e resgatar os hábitos alimentares tradicionais do Brasil, que são baseados em alimentos naturais ou minimamente processados, como arroz, feijão, frutas, verduras, legumes, carnes, ovos e leite. Esses alimentos são mais saudáveis, saborosos e sustentáveis do que os alimentos ultraprocessados.
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