Um novo estudo baseado em uma revisão de informações genéticas e de saúde de mais de 276 mil pessoas encontrou forte apoio para uma teoria evolutiva que buscava explicar o envelhecimento e a senescência, o processo de ficar velho ou envelhecer.
A teoria, proposta pelo biólogo evolutivo George Williams em 1957, é conhecida como teoria do pleiotropismo antagônico. Ela sugere que mutações genéticas que contribuem para o envelhecimento podem ser favorecidas pela seleção natural se forem vantajosas no início da vida, promovendo uma reprodução mais precoce ou a produção de mais descendentes.
Por exemplo, um gene que aumenta a fertilidade na juventude, mas também aumenta o risco de câncer na velhice, pode ser selecionado positivamente porque aumenta o sucesso reprodutivo, mesmo que reduza a longevidade.
A teoria do pleiotropismo antagônico permanece a principal explicação evolutiva da senescência, mas até agora faltavam evidências genômicas claras e abrangentes que a apoiassem.
No novo estudo, publicado na revista Science Advances em 8 de dezembro de 2021, o biólogo evolutivo Jianzhi Zhang, da Universidade de Michigan, e um colega chinês testaram a hipótese de Williams usando informações genéticas, reprodutivas e de registro de óbitos de 276.406 participantes do banco de dados Biobank do Reino Unido.
Eles encontraram uma forte correlação negativa entre reprodução e longevidade, significando que mutações genéticas que promovem a reprodução tendem a encurtar a vida útil. Além disso, indivíduos que carregam mutações que os predispõem a taxas reprodutivas relativamente altas têm menor probabilidade de viver até os 76 anos do que aqueles que carregam mutações que os predispõem a taxas reprodutivas relativamente baixas, de acordo com o estudo.
No entanto, os autores alertam que a reprodução e a longevidade são afetadas tanto pelos genes quanto pelo ambiente. E comparados com fatores ambientais – incluindo os impactos da contracepção e do aborto na reprodução e dos avanços médicos na longevidade – os fatores genéticos discutidos no estudo desempenham um papel relativamente menor, de acordo com eles.
O estudo é uma contribuição importante para a compreensão da biologia do envelhecimento e das doenças relacionadas à idade, que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Também lança luz sobre a diversidade das estratégias de vida das diferentes espécies, algumas das quais podem viver muito tempo e se reproduzir até a velhice, enquanto outras têm vidas curtas e reprodução limitada.