Os 25 chefes de governos estaduais que participaram da 5ª Reunião do Fórum de Governadores condicionaram o apoio à reforma da Previdência à exclusão, no texto final da matéria, dos pontos relativos a previdência rural, benefício de prestação continuada, desconstituicionalização, e relativo à criação de um regime de capitalização do benefício.
Alguns governadores disseram que o apoio dependerá, ainda, da inclusão de pontos relativos à redução, de 60 para 55 anos, da idade mínima para a aposentadoria de professoras, e a eliminação de alguns privilégios dado a policiais militares.
Na avaliação do governador de São Paulo, João Doria, a reunião foi positiva. Ele disse que houve “gestos de boa vontade e entendimento” por parte do relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP).
“O relator se mostrou sensível aos pontos apresentados pelos governadores, que se manifestarão favoravelmente [à reforma] caso esses pontos sejam analisados e incorporados pelo relator no texto final”, disse Dória referindo-se às propostas apresentadas no sentido de excluir pontos do texto relativos a previdência rural, Benefício de Prestação Continuada (BPC), capitalização e constitucionalização.
Dória reforçou que a manutenção de estados e municípios é ponto de consenso entre os governadores. “Não houve nenhuma manifestação contrária à inclusão [desses entes federativos], mas não basta dizer ser favorável se não transformarmos isso em votos nas bancadas”, disse o governador paulista ao informar que será proposto em seu partido, o PSDB, o fechamento de questão a favor da aprovação da reforma.
“Teve também a inclusão de dois outros pontos relacionados às polícias militares e ao magistério, com destaque ao tema da idade das mulheres professoras [que estão na ativa]”.Segudno Doria, “houve também sensibilidade do relator para analisar esses temas”.
De acordo com o governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha, a ideia é ter transição para as professoras que já tem alguns requisitos da aposentaria formulados, reduzindo de 60 para 55 anos a idade mínima delas [professoras], “que são a maioria que estão nas salas de aulas”.
Com relação à aposentadoria de policiais militares, Ibaneis disse que a proposta dos governadores é a de “eliminar privilégios”. “Hoje temos policiais militares se aposentando com 45 anos, o que torna [a previdência] inviável, porque pagamos muito mais a aposentados e pensionistas do que para quem está na ativa”.
O governador do DF disse que mesmo que haja uma transição, a ideia é aumentar a idade para a aposentadoria de policiais militares, agentes penitenciários e Corpo de Bombeiros militar. Durante a reunião, alguns governadores sugeriram uma espécie de “válvula de escape”, para o caso daqueles que não queiram adotar as regras relativas a essas três categorias. “Dessa forma, seria possível ao governador do estado encaminhar, à assembleia legislativa, um projeto pedindo a retirada da proposta”.
“Essas questões são importantes para todos os estados, porque se não tiver o benefício continuado nós teremos pobres em todo local o país. Quem vai cuidar dessas pessoas são estados e municípios. Não adianta fazer uma reforma que não tenha efeito na previdência dos estados”, acrescentou ao reforçar a proposta de incluir estados e municípios na redação final da proposta.
Os governadores vão aguardar a reunião de bancadas, a proposta do relator e o encaminhamento para confirmar que as sugestões por eles apresentadas serão consolidadas pelo relator da matéria.
Oposição
O governador do Piauí, Wellingon Dias (PT), também avaliou positivamente a reunião, e antecipou que acredita no apoio de parlamentares de seu partido, caso todos os pontos defendidos pelos governadores sejam acatados pelo relator. “Meu partido e outros partidos têm uma posição de que o Brasil precisa encontrar uma regra que dê equilíbrio à previdência. Temos de trabalhar tendo consciência de que não estamos começando do zero”.
O governador exlicou que o encontro de hoje foi diferente de outros porque teve avanços. “Hoje conseguimos retirar o bode da sala”, disse. “Tivemos pela primeira vez posição firme de o relator retirar a parte relativa a BPC, trabalhadores rurais e, pela primeira vez, a possibilidade de retirar a parte relacionada à redação que ficou sobre capitalização, que coloca o benefício a critério do que seria a regra de mercado e passa ter uma regra que já é da cultura brasileira, que é a da partilha, onde é feita a aplicação, mas com o objetivo de atingir um benefício definido”.
“Diante disso [nós, do meu partido] propomos que, além da contribuição do lado laboral tem de ter outras fontes de receita, a partir da cobrança de sonegadores. E temos necessidade de receitas novas como as de gás e petróleo sirva para cobrir o déficit da previdência. Os próprios estados têm pedido autorização de receitas que já são nossas, como imposto de renda de pessoa fisica servidor público, para ser utilizada para cobrir esse déficit. Aí sim é possível alcançar o R$ 1 trilhão que está prometido como parâmetro para essa reforma”.
Dos 27 governadores, 25 estavam presentes na reunião que contou com a participação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; do presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência, Marcelo Ramos; do relator do projeto, Samuel Moreira (PSDB-SP); e do Secretario Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, Rogério Marinho.
Os únicos estados que não foram representados por seus governadores foram o Amazonas e o Maranhão. O próximo encontro de governadores foi marcado para o dia 6 de agosto.
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Edição: Valéria Aguiar