Os resultados mostraram que os problemas respiratórios foram mais frequentes entre os meninos.
Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), com a colaboração de uma pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), revelou um aumento alarmante de alergias respiratórias em crianças que residem nas áreas afetadas pelo rompimento da barragem de Brumadinho em 2019.
De acordo com o artigo publicado no periódico Cadernos de Saúde Pública, houve um incremento de 75% nos relatos de alergia respiratória entre as crianças das comunidades atingidas pela poeira dos rejeitos minerais, em comparação com uma localidade não afetada. O estudo, parte do Projeto Bruminha, investigou a situação em três comunidades – Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira e Tejuco – além da comunidade de Aranha, que não foi exposta ao desastre.
Os dados coletados em julho de 2021 indicam que crianças na faixa etária de 4 anos foram as mais afetadas, apresentando um número significativo de casos de comprometimento das vias aéreas superiores, inferiores e de alergias. O estudo aponta que esse grupo etário tem maior acesso ao ambiente externo, resultando em maior exposição à poeira.
Além disso, os resultados mostraram que os relatos de problemas respiratórios foram mais frequentes entre os meninos, o que pode estar associado a características culturais que determinam maior acesso dos meninos aos espaços externos e comunitários.
O Projeto Bruminha, financiado pelo Ministério da Saúde, é um estudo de coorte que avalia o impacto do desastre sobre a saúde das crianças de até 6 anos residentes nas comunidades atingidas ao longo de 4 anos (2021 a 2024). Os pesquisadores enfatizam a necessidade de ações de assistência contínuas pelo SUS para mitigar os efeitos adversos à saúde causados pelo desastre.
Este estudo destaca a importância de avaliar os impactos a longo prazo dos desastres ambientais na saúde pública, especialmente em populações vulneráveis como as crianças. A exposição contínua à poeira, potencialmente contendo substâncias tóxicas, reforça a urgência de intervenções de saúde e políticas públicas eficazes para proteger as comunidades afetadas.
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