Um estudo conduzido por pesquisadores do Massachusetts General Brigham, nos Estados Unidos, comparou os efeitos da ketamina e da eletroconvulsoterapia (ECT) no tratamento da depressão resistente ao tratamento. Os resultados, publicados na revista New England Journal of Medicine, mostraram que a ketamina foi mais eficaz e teve menos efeitos colaterais do que a ECT.
A ketamina é um anestésico e analgésico que tem sido usado há décadas em medicina veterinária e humana. Estudos anteriores já haviam sugerido que doses baixas da droga poderiam ter um efeito antidepressivo rápido e duradouro em pessoas com transtorno depressivo maior (TDM).
O estudo envolveu 403 pacientes com TDM não psicótico que não responderam a pelo menos dois antidepressivos diferentes. Eles foram divididos em dois grupos: um recebeu ketamina intravenosa duas vezes por semana durante três semanas, e outro recebeu ECT três vezes por semana durante o mesmo período. Os pacientes foram acompanhados por seis meses após o tratamento e responderam a questionários sobre seus sintomas depressivos, qualidade de vida e memória.
Os pesquisadores encontraram que 55% dos pacientes que receberam ketamina e 41% dos que receberam ECT tiveram uma melhora de pelo menos 50% em seus sintomas depressivos e uma melhora na qualidade de vida que durou ao longo dos seis meses de monitoramento. O tratamento com ECT foi associado a perda de memória e efeitos adversos musculoesqueléticos. O tratamento com ketamina não teve efeitos colaterais significativos, exceto por uma experiência de dissociação transitória no momento da aplicação.
Segundo Amit Anand, diretor de Psiquiatria Translacional Clínica do Massachusetts General Brigham e professor de psiquiatria na Harvard Medical School, este é o maior estudo comparando ketamina e ECT para depressão já realizado, e o único que também mediu os impactos na memória.
“ECT tem sido o padrão-ouro para tratar a depressão severa há mais de 80 anos”, disse Anand. “Mas é também um tratamento controverso porque pode causar perda de memória, requer anestesia e está associado a estigma social. Este estudo nos mostra que a ketamina intravenosa foi não inferior à ECT para o tratamento da depressão resistente ao tratamento não psicótica e poderia ser considerada como uma alternativa adequada para a condição”.
Os autores ressaltam que seus achados se baseiam em desfechos auto-relatados e que o desenho aberto do estudo poderia ter influenciado as taxas de resposta. Mas sua abordagem centrada no paciente e seu desenho realista podem também ser uma força, permitindo que os resultados sejam mais facilmente traduzidos para a prática clínica.
Anand e sua equipe estão agora trabalhando em um estudo de acompanhamento comparando ECT e ketamina para pacientes com depressão suicida aguda para ver se o mesmo impacto promissor é encontrado nessa população.
“Pessoas com depressão resistente ao tratamento sofrem muito, então é animador que estudos como este estejam adicionando novas opções para elas”, disse Anand. “Com este estudo realista, os resultados são imediatamente transferíveis para o cenário clínico”.
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