Delator da Operação Lava Jato, o doleiro Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará, foi um dos oito presos nesta terça-feira em mais uma etapa da Operação Lava Jato, intitulada Efeito Dominó. Ele já havia delatado parlamentares conhecidos e estaria em uma rede que repassaria dinheiro do tráfico de drogas a políticos.
Ceará fechou um acordo de colaboração premiada com Procuradoria-Geral da República (PGR), e que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele trabalhava com o doleiro Alberto Youssef, e foi detido como parte de uma operação em 6 Estados e no Distrito Federal, deflagrada nas primeiras horas do dia.
Anteriormente, Ceará havia relatado ter feito entregas de dinheiro aos senadores Fernando Collor de Mello (PTB-AL), Aécio Neves (PSDB-MG), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O que ele escondeu era a sua ligação com a lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas, o que pode fazê-lo perder os benefícios de sua delação.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Roberto Biasoli, responsável pela operação desta terça-feira, há fortes indícios de que dinheiro em espécie, oriundo do tráfico de drogas, estaria indo parar na mão de políticos.
“Só pelo que nós conseguimos levantar com o material apreendido, do ano de 2014 a 2017, teriam sido negociadas 27 toneladas de cocaína, isso com um lucro de aproximadamente US$ 140 milhões”, afirmou Biasoli, referindo-se ao esquema comandado por Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, um dos maiores traficantes da América do Sul e que foi preso em 2017.
Ceará e os demais presos teriam relação direta com Cabeça Branca, atuando tanto junto a políticos quanto a traficantes. Em 2014, o doleiro relatou ter levado dinheiro a Collor, Aécio, Renan e Randolfe – os três primeiros negaram o repasse, o último sequer foi investigado porque Youssef desmentiu o ex-parceiro.