Nesta segunda-feira (9) começou uma batalha histórica: o processo de um jardineiro californiano, vítima de câncer, contra a Monsanto, poderosíssima produtora de agrotóxicos responsável pelo herbicida Roundup.
“Nos últimos 40 anos, a Monsanto soube que o ingrediente principal do Roundup pode produzir tumores em animais de laboratório”, disse o advogado do jardineiro.
A disputa legal envolve Dewayne Johnson, um pai de 46 anos de idade. Diagnosticado em 2014 com linfoma não-Hodgkin, um câncer que afeta células brancas do sangue, Johnson usou uma versão genérica do Roundup da Monsanto chamada “Ranger Pro” repetidamente em seu trabalho em uma escola na Califórnia.
Em sua declaração, o advogado disse que a Monsanto optou por não alertar os consumidores sobre os riscos e que, em vez disso, “eles lutaram contra a ciência”, minimizando a suspeita de ligação entre o herbicida químico e o câncer.
“A Monsanto se esforçou para intimidar cientistas e combater pesquisadores”, disse ele ao júri.
O caso na Corte Superior da Califórnia é o primeiro julgamento em que se diz que o Roundup causou câncer, uma alegação repetidamente negada pela empresa química.
Se a Monsanto perder, o caso pode abrir a porta para centenas de ações judiciais adicionais contra a empresa recentemente adquirida pelo grupo químico e farmacêutico alemão Bayer.
A Monsanto afirma que seu produto não é cancerígeno e que o câncer de Johnson não está ligado ao seu emprego.
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Agente Laranja
Fundada em 1901 em St. Louis, Missouri, a Monsanto começou a produzir agrotóxicos na década de 1940. Recentemente a empresa foi adquirido pela Bayer por mais de US$ 62 bilhões.
A Monsanto foi uma das empresas que produziu o desfolhante “Agente Laranja”, que tem sido associado ao câncer e outras doenças, para uso das forças dos EUA no Vietnã. Ele nega a responsabilidade de como os militares o usaram.
O principal herbicida Roundup da Monsanto foi lançado em 1976. A empresa logo em seguida começou a modificar geneticamente as plantas, tornando algumas resistentes ao Roundup.
Em 2015, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer — órgão da Organização Mundial de Saúde — classificou o glifosato como “provavelmente cancerígeno” e, como resultado, o estado da Califórnia o listou como carcinogênico.
Mas as agências europeias de segurança alimentar e de produtos químicos até agora não seguiram o exemplo, enquanto um estudo do Departamento de Saúde dos EUA sugere que sua toxicidade é limitada. Com informações da Sputnik Brasil.