Exposição no Rio de Janeiro recupera O Carnaval das Crianças Brasileiras do compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959). A peça, pouco conhecida do grande público, é formada por oito temas e começou a ser composta há exatamente um século (1919) para apresentação de balé, nunca encenado, com orquestra no fosso.
“Villa-Lobos compõe O Carnaval das Crianças para relembrar as folias de sua infância e dedica a obra a um sobrinho”, conta a musicista Claudia Castro, diretora do Museu Villa-Lobos – um casarão do século XIX, tombado pelo Patrimônio Histórico e recentemente recuperado, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. O museu criado em 1960, por Juscelino Kubistchek, guarda o acervo do compositor.
A exposição recupera as músicas compostas por Villa-Lobos em diferentes filmes de animação que revivem os personagens do balé, como “Pierrette”, “Dominozinho”, “Trapeirozinho” e o “Mascarado Mignon”. E traz fantasias inspiradas em figurinos desenhados por Emiliano Di Cavalcanti (1897 – 1976), a pedido de Villa-Lobos, para a encenação inédita.
A animação foi feita pelo Núcleo de Arte Digital e Animação da Pontifícia Universidade Católica do Rio (N.A.D.A/PUC-Rio) e foi idealizada pela curadora da exposição Maria Alice Volpe, musicóloga e professora da pós-graduação da Escola de Música da UFRJ.
A expectativa de Cláudia Castro é de que os desenhos animados possam ser vistos a partir do segundo semestre no site do museu em atualização e nas redes sociais, após autorização das gravadoras. “Queremos levar isso aos professores do ensino básico para que eles possam apresentar Villa-Lobos às crianças nas escolas”, revela a diretora.
Escola de Samba
A ação educativa do museu rendeu, antes da exposição (inaugurada em 10 de maio), desfile de carnaval. O compositor foi tema do desfile da Escola de Samba Mirim Pimpolhos da Grande Rio. A apresentação levou mil crianças à Sapucaí no dia 5 de março, data que marcou os 132 anos de nascimento do maestro.
O enredo “Tuhu, Tuhu, nosso trem já vai partir” foi proposto à agremiação pelo Museu Villa-Lobos em conjunto com o Museu Nacional de Belas Artes. Tuhu era o apelido de família de Heitor Villa-Lobos quando criança. “Foi uma iniciativa muito interessante. As crianças vieram visitar os museus, os professores aprenderam sobre Villa-Lobos para poder ensinar às crianças”, recorda-se a diretora.
“Para o desenvolvimento cultural precisa haver um intercâmbio institucional e intergeracional entre a tradição e a inovação”, defende a diretora que já foi docente do ensino básico em escolas públicas de Brasília e sempre quis poder apresentar às crianças a música de Villa-Lobos”. A exposição no Rio fica aberta a visitas até abril de 2020.