Novo método para detectar e quantificar as enzimas celulares chamadas quinases, que estão envolvidas no desenvolvimento de vários tipos de câncer, incluindo alguns tipos de câncer de mama.
O método, chamado de ensaio de captura de inibidores de quinase (KiP), pode ajudar a identificar os alvos terapêuticos mais adequados para cada paciente, além de contribuir para a classificação dos tumores de acordo com seus perfis de quinase.
As quinases são enzimas que transferem um grupo fosfato para outras proteínas, alterando a sua atividade e função. Muitos cânceres são causados por alterações na atividade das quinases, que levam a um crescimento e sobrevivência celular descontrolados. Existem terapias que inibem diretamente essas atividades promotoras de câncer, mas elas dependem do diagnóstico correto das quinases envolvidas em cada caso. Por isso, é importante quantificar com precisão as quinases presentes nas amostras de biópsia dos tumores.
No entanto, essa quantificação não é uma tarefa fácil, pois muitas quinases não são abundantes e são mais difíceis de medir com precisão. Além disso, medir múltiplas quinases simultaneamente é trabalhoso e impraticável em um cenário clínico onde a rapidez na obtenção dos dados é crítica. Por isso, é crucial desenvolver metodologias que possam enriquecer as quinases presentes nas amostras clínicas, um passo importante para uma medicina personalizada e eficaz.
O ensaio KiP utiliza vários inibidores de quinase como uma matriz de captura para enriquecer as quinases presentes nas amostras de biópsia. Os inibidores de quinase são compostos que se ligam às quinases e bloqueiam sua atividade. Alguns inibidores de quinase são usados como medicamentos para tratar certos tipos de câncer, como o trastuzumabe para o câncer de mama HER2-positivo. O ensaio KiP funciona em conjunto com técnicas de espectrometria de massa, que são métodos analíticos que permitem identificar e quantificar moléculas com base em sua massa e carga.
Os pesquisadores testaram o ensaio KiP em modelos animais derivados de pacientes (PDX) com câncer de mama e em duas coortes de amostras de pacientes com câncer de mama. Eles mostraram que o ensaio KiP foi capaz de subtipar os tumores de acordo com seus perfis de quinase, que podem estar relacionados com a resposta ao tratamento e o prognóstico. Eles também destacaram que o ensaio KiP representa uma convergência de tecnologias avançadas que pode abrir caminho para futuras aplicações clínicas.
“Nosso estudo redefine a pesquisa médica básica e prepara o terreno para futuras aplicações clínicas”, disse o primeiro autor do estudo, Dr. Alexander Saltzman, analista sênior de bioinformática no Núcleo de Proteômica de Espectrometria de Massa da Faculdade de Medicina Baylor.
O câncer de mama é um dos tipos mais comuns de câncer entre as mulheres, afetando cerca de 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo em 2020. O câncer de mama pode ser classificado em diferentes subtipos com base na expressão de certos receptores hormonais ou fatores de crescimento, como o receptor de estrogênio (ER), o receptor de progesterona (PR) e o receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2 (HER2). Esses subtipos têm implicações no tratamento e no prognóstico dos pacientes.
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