Você sabia que existe um tipo de câncer que afeta a retina, a parte do olho responsável pela visão? Ele se chama retinoblastoma, e é o câncer ocular mais comum na infância.
Ele geralmente ocorre antes dos cinco anos de idade, e pode ser hereditário ou não. Neste artigo, vamos explicar o que é o retinoblastoma, quais são os seus sintomas, como ele é diagnosticado e tratado, e quais são as chances de cura.
O que é a retina e como ela funciona?
A retina é uma camada fina de tecido nervoso que reveste a parte interna do olho. Ela é formada por milhões de células sensíveis à luz, chamadas fotorreceptores. Essas células captam as imagens que vemos e as transformam em impulsos elétricos, que são enviados ao cérebro pelo nervo óptico. O cérebro então interpreta esses impulsos como as imagens que percebemos.
A retina é essencial para a nossa visão, pois nos permite ver cores, formas, movimentos e detalhes. Ela também nos ajuda a adaptar a visão à diferentes condições de luminosidade.
O que é o retinoblastoma e como ele se forma?
O retinoblastoma é um tipo de câncer que se origina nas células da retina. Ele é causado por uma mutação genética no gene RB1, localizado no cromossomo 13. Esse gene normalmente controla o crescimento e a morte das células da retina, mas quando ele sofre uma alteração, as células começam a se multiplicar de forma descontrolada e formam um tumor.
O tumor pode crescer dentro do olho e invadir outras partes do olho, como o nervo óptico, a coroide, a esclera e o humor vítreo. O tumor também pode se espalhar para outras partes do corpo, como o cérebro e a coluna vertebral, através da corrente sanguínea ou do sistema linfático. Esse processo é chamado de metástase.
O retinoblastoma pode ser classificado em dois tipos: hereditário ou não hereditário. O tipo hereditário ocorre quando a criança nasce com uma cópia alterada do gene RB1 em todas as células do corpo. Isso significa que ela tem uma predisposição genética para desenvolver o retinoblastoma. Nesse caso, o câncer costuma afetar ambos os olhos (bilateral) e pode estar associado a outros tumores em outros órgãos.
O tipo não hereditário ocorre quando a mutação no gene RB1 acontece somente nas células da retina, após o nascimento da criança. Isso significa que ela não tem uma predisposição genética para desenvolver o retinoblastoma. Nesse caso, o câncer costuma afetar somente um olho (unilateral) e não está associado a outros tumores em outros órgãos.
Quais são os sintomas do retinoblastoma?
O principal sintoma do retinoblastoma é a leucocoria, que é um reflexo branco na pupila, parecido com o olho de gato. Esse reflexo pode ser notado em fotos com flash ou sob luz artificial. Ele ocorre porque o tumor reflete a luz que entra no olho.
Outros sintomas do retinoblastoma podem incluir:
- Estrabismo: desvio do alinhamento dos olhos, fazendo com que eles apontem para direções diferentes.
- Fotofobia: sensibilidade excessiva à luz, causando desconforto ou dor nos olhos.
- Dificuldade visual: perda parcial ou total da visão em um ou ambos os olhos.
- Inflamação: vermelhidão, inchaço ou secreção nos olhos.
- Aparência anormal do olho: alteração na cor ou no tamanho da íris ou da pupila.
É importante ressaltar que esses sintomas podem ser confundidos com outras condições oftalmológicas mais comuns, como conjuntivite, catarata ou glaucoma. Por isso, é fundamental levar a criança ao oftalmologista assim que notar qualquer alteração nos olhos.
Como é feito o diagnóstico do retinoblastoma?
O diagnóstico do retinoblastoma é feito por um oftalmologista oncológico, que é um médico especializado em câncer ocular. Ele examina o olho da criança com um aparelho chamado oftalmoscópio, que permite visualizar o fundo do olho e detectar a presença do tumor.
Outros exames podem ser necessários para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão do tumor, como:
- Ultrassom ocular: usa ondas sonoras para criar imagens do interior do olho.
- Tomografia computadorizada: usa raios X para criar imagens detalhadas do olho e das estruturas ao redor.
- Ressonância magnética: usa um campo magnético e ondas de rádio para criar imagens detalhadas do olho e das estruturas ao redor.
Esses exames também ajudam a determinar o estágio do retinoblastoma, que é uma forma de classificar o câncer de acordo com o seu tamanho, localização e disseminação. O estágio do retinoblastoma pode variar de 0 a 5, sendo que quanto maior o número, mais avançado é o câncer.
Como é feito o tratamento do retinoblastoma?
O tratamento do retinoblastoma depende do tamanho, da localização e do estágio do tumor. As opções de tratamento podem incluir:
- Quimioterapia: usa medicamentos que matam as células cancerígenas ou impedem que elas se multipliquem. A quimioterapia pode ser administrada por via oral, intravenosa ou intra-arterial (diretamente na artéria que leva sangue ao olho).
- Radioterapia: usa radiação de alta energia para destruir as células cancerígenas ou impedir que elas se multipliquem. A radioterapia pode ser externa (direcionada ao olho por uma máquina) ou interna (implantada no olho por um dispositivo chamado placa radioativa).
- Crioterapia: usa frio extremo para congelar e destruir as células cancerígenas. A crioterapia é aplicada no olho por uma sonda metálica.
- Termoterapia: usa calor intenso para aquecer e destruir as células cancerígenas. A termoterapia é aplicada no olho por um laser ou por micro-ondas.
- Braquiterapia: usa uma fonte radioativa selada para emitir radiação diretamente no tumor. A braquiterapia é implantada no olho por um dispositivo chamado placa radioativa.
- Cirurgia: remove o tumor ou o olho inteiro. A cirurgia pode ser necessária quando os outros tratamentos não são suficientes ou quando o tumor compromete a visão ou a vida da criança. A cirurgia pode ser feita por enucleação (remoção do olho) ou por exenteração (remoção do olho e das estruturas ao redor).
O objetivo do tratamento é eliminar o tumor e preservar a visão e a vida da criança. O tratamento pode ser combinado com diferentes modalidades, dependendo de cada caso. O tratamento também pode causar alguns efeitos colaterais, como perda de cabelo, náusea, vômito, infecção, sangramento, catarata, glaucoma, alteração na pressão intraocular, alteração na produção de lágrimas, alteração na aparência do olho, entre outros.
Quais são as chances de cura do retinoblastoma?
As chances de cura do retinoblastoma são altas se o câncer for diagnosticado precocemente e tratado adequadamente. Estima-se que mais de 90% das crianças com retinoblastoma sobrevivem ao câncer. Porém, as chances de cura podem variar de acordo com o tipo, o tamanho, a localização e o estágio do tumor.
As crianças com retinoblastoma devem fazer acompanhamento médico regular durante e após o tratamento, para verificar se o câncer foi eliminado completamente e se não há sinais de recidiva (retorno do câncer) ou de metástase (disseminação do câncer para outras partes do corpo).
Como prevenir e detectar o retinoblastoma?
A prevenção do retinoblastoma é difícil, pois ele é causado por uma mutação genética que pode ocorrer aleatoriamente ou ser herdada dos pais. Por isso, é importante que as famílias com histórico de retinoblastoma façam um aconselhamento genético e um teste de DNA para saber se têm o gene alterado e qual é o risco de transmiti-lo aos filhos.
A detecção precoce do retinoblastoma é fundamental para aumentar as chances de cura e preservar a visão e a vida da criança. Por isso, é recomendado que as crianças façam exames oftalmológicos regulares desde o nascimento até os cinco anos de idade, especialmente se tiverem algum fator de risco, como histórico familiar ou síndrome de predisposição ao câncer.
Além disso, os pais devem ficar atentos a qualquer alteração nos olhos dos filhos, como reflexo branco na pupila, estrabismo, fotofobia, dificuldade visual, inflamação ou aparência anormal do olho. Se notarem algum desses sintomas, devem levar a criança ao oftalmologista oncológico o mais rápido possível.
O retinoblastoma é um tipo de câncer que afeta a retina, a parte do olho responsável pela visão. Ele é o câncer ocular mais comum na infância, e geralmente ocorre antes dos cinco anos de idade. O retinoblastoma pode ser hereditário ou não, e pode afetar um ou ambos os olhos. Se não for tratado a tempo, pode causar cegueira e até morte. Porém, se for diagnosticado precocemente, tem altas chances de cura.
O tratamento do retinoblastoma depende do tamanho, da localização e do estágio do tumor. As opções de tratamento podem incluir quimioterapia, radioterapia, crioterapia, termoterapia, braquiterapia e cirurgia. O objetivo é eliminar o tumor e preservar a visão e a vida da criança.