Segundo as últimas denúncias, a operadora de saúde Prevent Senior, teria adulterado certidões de óbitos de pacientes que receberam tratamento contra a Covid em seus hospitais e morreram por complicações da doença.
A CPI da Covid ouviu nesta quarta-feira (23) o diretor da Prevent, Pedro Batista. Durante o seu depoimento, Pedro foi questionado pelos senadores sobre supostas adulterações em certidões de óbitos de pacientes da rede.
Ele não respondeu sobre os prontuários e alegou que os médicos que fizeram as denúncias eram criminosos, pois teriam invadido o sistema da rede. Segundo ele, os médicos tinham a intenção de prejudicar a imagem da Prevent.
Pedro também disse que a troca do código de diagnóstico, conhecido como CID, acontecia para tirar o paciente do isolamento, mas a causa da morte era mantida na certidão de óbito.
Luciano Hang e Anthony Wong
Os senadores receberam uma série de documentos, fornecidos por médicos e ex-médicos da Prevent, onde mostram que as certidões de óbito do médico Anthony Wong e da mãe do empresário Luciano Hang foram fraudadas.
Segundo os documentos, obtidos pelo canal CNN Brasil, “Wong fez uso dos medicamentos do kit, incluindo hidroxicloroquina + azitromicina e mesmo assim acabou evoluindo para óbito em poucas semanas (…) a médica responsável por todo o tratamento foi a Dra. Nise Yamaguchi, responsável pela prescrição dos medicamentos. Por fim, também deixou de ser noticiado que em descumprimento a obrigação legal de informar às autoridades sobre o óbito de pacientes acometidos pela Covid-19, sua declaração de óbito foi fraudada”.
Já no caso da mãe de Luciano Hang, os documentos desmentem o empresário. Em vídeo publicado em suas redes sociais, ele afirmava que sua mãe não havia recebido o tratamento precoce.
“A alegação do Sr. Luciano Hang é que sua mãe teria supostamente falecido por não ter tido a oportunidade de utilizar os medicamentos do Kit – o que não condiz com as informações do prontuário. O prontuário médico da Sra. Regina Hang prova que não só utilizou o kit, como repetiu o tratamento durante a internação e que mesmo após ter falecido por complicações da doença, a declaração de óbito foi fraudada”.
Pedro Batista confirmou que atendeu Anthony Wong, mas se recusou a revelar a causa da morte.
O empresário Luciano Hang chamou as reportagens sobre o assunto de “canalhice” e disse ter confiança na Prevent Senior.
“Como qualquer filho, quando minha mãe ficou doente, eu fui para a guerra com todas as armas que eu tinha. É esse o meu crime? Minha mãe tinha 82 anos, fazia parte do grupo de risco, ficava em casa e mesmo assim pegou a doença. Ela era cardíaca, tinha diabetes, insuficiência renal, sobrepeso e outras comorbidades. Tomava dezenas de medicamentos diariamente, por isso não fizemos tratamento preventivo, aquele realizado antes de contrair o vírus. Quando os sintomas apareceram levamos para São Paulo e a doença evoluiu rápido. Lutamos com ela por mais de um mês, nesse tempo o Covid passou, mas ficaram as complicações por conta das comorbidades e, por isso, infelizmente ela se foi”, disse Hang em nota.
“Tenho total confiança nos procedimentos adotados pelo Prevent Senior e que tudo que era possível foi feito. Deixei claro a causa do falecimento de minha mãe em várias manifestações públicas e nas redes sociais, nunca foi segredo. Lamento que um assunto tão delicado seja usado como artifício político para me atingir, pelo simples fato de eu não concordar com as ideias de alguns membros que fazem parte dessa CPI. Medem os outros pela própria régua. Só quem perde uma mãe sabe a dor que é”, completou.
A médica Nise Yamaguchi disse que as informações divulgadas estavam incorretas, e que não prescreveu qualquer tratamento precoce à Anthony Wong, “o visitei somente após a sua intubação, não sendo a médica responsável pela sua internação na Prevent Senior”.
Médicos procuram auxílio jurídico
Os 12 médicos da Prevent Senior que fizeram a denúncia pediram auxílio jurídico após ameaças da empresa.
Segundo o Sindicato dos Médicos do Estado de SP, alguns profissionais foram coagidos a assinarem um documento assumindo a responsabilidade pelas receitas de medicamentos sem eficácia para o tratamento da Covid-19.
A advogada do grupo, Bruna Morato, esclarece que os médicos querem;
– que a operadora reconheça publicamente que o estudo elaborado pela rede foi inconclusivo;
– que a operadora reconheça publicamente que não havia autonomia médica nos hospitais, já que os médicos alegam que teriam sido obrigados a aplicar medicamentos sem comprovação;
– que a operadora se responsabilizasse sobre eventuais processos que os médicos sofressem de pacientes ou familiares.
Em breve nota divulgada à imprensa, a Prevent Senior disse apenas que vai pedir ao Ministério Público “que apure as denúncias infundadas” e que tomará todas as medidas judiciais cabíveis contra os denunciantes.
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