Uma nova vacina contra a malária, que pode proteger as crianças da doença que mata mais de meio milhão de pessoas por ano, foi recomendada pela OMS para uso em larga escala.
A vacina, chamada R21, é mais fácil de produzir e mais barata do que a primeira vacina aprovada contra a malária, e deve estar disponível em meados de 2024.
A malária é uma doença causada por parasitas que são transmitidos pela picada de mosquitos infectados. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, calafrios e vômitos, e podem levar à anemia, convulsões, coma e morte se não forem tratados. A doença afeta principalmente as crianças menores de 5 anos, que representam mais de dois terços das mortes por malária no mundo.
A vacina R21 foi desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com o Serum Institute of India (SII), o maior fabricante de vacinas do mundo. A vacina é uma forma modificada da primeira vacina contra a malária, chamada RTS,S, que foi produzida pela empresa farmacêutica GSK e vendida sob o nome de Mosquirix.
A vacina RTS,S foi aprovada em 2015 e foi administrada a mais de 1,7 milhão de crianças em Gana, Quênia e Malawi desde 2019. No entanto, a vacina tem uma eficácia limitada de cerca de 40% na prevenção da doença e requer quatro doses para ser completa. Além disso, a vacina tem um suprimento limitado e um custo alto de US$ 9,30 por dose.
A vacina R21, por outro lado, atingiu o objetivo da OMS de 75% de eficácia na prevenção da doença em um ensaio com 4.800 crianças que receberam três doses antes do pico sazonal de malária. Uma dose de reforço após 12 meses manteve a proteção. Os dados do ensaio de fase III, realizado em Burkina Faso, Quênia, Mali e Tanzânia, foram apresentados em um preprint publicado em 26 de setembro. A recomendação da OMS seguiu as discussões do Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização e do Grupo Consultivo de Políticas sobre Malária na semana passada. A vacina já foi aprovada em Burkina Faso, Gana e Nigéria e estará disponível em meados de 2024 por US$ 2-4 por dose.
Os pesquisadores dizem que a vacina R21 é mais fácil de produzir e mais barata do que a RTS,S porque usa uma proteína recombinante do parasita da malária que pode ser cultivada em células de insetos. O SII diz que tem capacidade para produzir mais de 100 milhões de doses por ano da vacina R21.
Os especialistas em saúde pública esperam que a nova vacina possa salvar milhões de vidas e reduzir o fardo da malária na África, onde ocorrem mais de 90% dos casos e das mortes pela doença. Eles também esperam que a vacina possa ajudar a prevenir o surgimento de cepas resistentes aos medicamentos antimaláricos.
A OMS estima que cerca de 229 milhões de pessoas foram infectadas pela malária em 2020 e que 619 mil pessoas morreram pela doença. A pandemia da COVID-19 também afetou os esforços para combater a malária, reduzindo o acesso aos serviços de saúde e aos recursos financeiros.
A OMS diz que a nova vacina é um marco histórico na luta contra a malária e que deve ser usada junto com outras medidas preventivas, como mosquiteiros tratados com inseticida, pulverização residual intra-domiciliar e diagnóstico rápido e tratamento adequado dos casos.
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