A pré-eclâmpsia é uma complicação grave da gravidez que afeta cerca de 5% das gestantes no mundo.
Ela se caracteriza por um aumento da pressão arterial, inchaço e proteinúria (presença de proteína na urina). A pré-eclâmpsia pode causar sérios problemas para a mãe e o bebê, como convulsões, insuficiência renal, descolamento da placenta e restrição do crescimento fetal. Em casos extremos, pode levar à morte.
Até agora, não se sabe exatamente o que causa a pré-eclâmpsia, nem existe um tratamento específico para ela. A única forma de interromper a doença é induzir o parto, o que pode ser arriscado para o bebê se ele ainda não estiver maduro o suficiente.
No entanto, uma nova pesquisa pode mudar esse cenário. Um grupo de cientistas liderado pelo Dr. Kun Ping Lu, professor de medicina da Harvard Medical School e do Beth Israel Deaconess Medical Center, identificou uma proteína tóxica chamada cis P-tau no sangue e na placenta de pacientes com pré-eclâmpsia. Essa proteína também está associada a distúrbios neurológicos como Alzheimer, lesão cerebral traumática e derrame.
Os pesquisadores descobriram que a proteína cis P-tau é produzida quando uma enzima chamada Pin1 é inativada. A enzima Pin1 é uma proteína que responde ao estresse e mantém as outras proteínas em forma funcional. Quando Pin1 é inativada, leva à formação da proteína cis P-tau, que se acumula nas células e causa danos.
O estudo mostrou que a inativação da Pin1 e a produção da cis P-tau ocorrem em resposta a fatores de estresse na gravidez, como hipóxia (falta de oxigênio), inflamação e hipertensão. Esses fatores podem ser influenciados por condições ambientais, genéticas e comportamentais.
Os pesquisadores também desenvolveram um anticorpo que elimina a proteína cis P-tau do sangue e da placenta. Eles testaram o anticorpo em camundongos com pré-eclâmpsia induzida e observaram que ele foi capaz de corrigir os sintomas da doença, como pressão alta, proteinúria e restrição do crescimento fetal.
O anticorpo está em testes clínicos em humanos com Alzheimer, lesão cerebral traumática e derrame. Os resultados preliminares são promissores e sugerem que o anticorpo pode ser uma terapia eficaz para essas condições. Os pesquisadores esperam que o mesmo possa acontecer com a pré-eclâmpsia.
Além disso, os pesquisadores alertam que a pré-eclâmpsia pode aumentar o risco de demência para as mães e seus filhos no futuro. Isso porque a exposição à proteína cis P-tau durante a gravidez pode afetar o desenvolvimento cerebral do feto e causar alterações cognitivas na mãe.
Portanto, os pesquisadores recomendam que as gestantes com pré-eclâmpsia sejam monitoradas de perto e recebam cuidados adequados para prevenir complicações. Eles também sugerem que as mães e os filhos afetados pela pré-eclâmpsia sejam acompanhados ao longo da vida para detectar possíveis sinais de declínio mental.
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