Mais de 20% dos peixes vendidos em 17 cidades de seis estados da região amazônica do Brasil contêm níveis de mercúrio acima do limite seguro estabelecido pela OMS.
O mercúrio é usado por garimpeiros ilegais para separar o ouro do minério depositado em rios ou perto deles. A contaminação por mercúrio não se limita às regiões de mineração, mas afeta tanto as populações rurais quanto as urbanas, podendo causar problemas neurológicos, endócrinos, cardíacos e comportamentais.
O peixe é um alimento essencial para a dieta e a cultura dos povos da Amazônia, mas também pode ser uma fonte de risco para a saúde. Segundo um estudo realizado por pesquisadores brasileiros, muitas espécies de peixes comercializadas na região apresentam níveis de mercúrio acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 0,5 micrograma por grama de peso.
O mercúrio é um metal pesado que pode se acumular no organismo e causar danos ao sistema nervoso central e periférico, ao sistema endócrino, ao músculo cardíaco e ter consequências comportamentais, como depressão e déficit de atenção. O mercúrio é usado por garimpeiros ilegais para separar o ouro do minério depositado em rios ou perto deles. O metal se mistura com a água e entra na cadeia alimentar dos peixes, que são consumidos pelas populações locais.
O estudo analisou 1.472 amostras de peixes coletadas em 17 cidades de seis estados da região amazônica: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. Os resultados mostraram que 20,3% das amostras tinham níveis de mercúrio acima do limite seguro. Em alguns estados, como Roraima, esse percentual chegou a 40%. Os peixes mais contaminados foram os carnívoros, como o tucunaré e o pirarucu.
A contaminação por mercúrio não se limita às regiões de mineração, mas afeta tanto as populações rurais quanto as urbanas. Isso porque algumas espécies de peixes nadam desde perto do Oceano Atlântico até o interior da Amazônia, levando o metal consigo. Além disso, os peixes contaminados são vendidos nos mercados e peixarias das cidades, onde são consumidos pela população urbana.
O neurocirurgião Erick Jennings, do Hospital Regional do Baixo Amazonas em Santarém, Pará, diz que já tem vários pacientes com diagnóstico de intoxicação por mercúrio e que muitas crianças na região sofrem de déficit de atenção e dificuldades de aprendizagem. Ele afirma que é preciso fazer um monitoramento constante dos níveis de mercúrio nos peixes e na população e alertar sobre os riscos do consumo excessivo.
O estudo foi realizado pela Fundação Oswaldo Cruz, Universidade Federal do Oeste do Pará, Greenpeace Brasil, Instituto de Pesquisa e Formação Indígena, Instituto Socioambiental e Fundo Mundial para a Natureza Brasil. Os pesquisadores recomendam que sejam adotadas medidas para combater o garimpo ilegal na região amazônica e para proteger os direitos dos povos indígenas e tradicionais que dependem dos recursos naturais para sua sobrevivência.
Fonte: Link.
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