O gênero RPG (Role-Playing Game) permite uma gama infinita de narrativas, onde é possível vivenciar histórias baseadas em diferentes culturas. Um exemplo de jogo com tema diferenciado é Ponami, que conta as aventuras de uma jovem guerreira das Cordilheiras. O título está disponível gratuitamente para Android, e foi criado pela Jogos Aurora, uma empresa de desenvolvimento de games do Mato Grosso do Sul.
A história da jovem arqueira Ponami é um RPG clássico, baseado nos jogos de plataforma dos anos 90. A aventura baseada nos mitos da cultura Inca, se passa no povoado da Cordilheira de Sajor, uma civilização próspera que foi atacada por criaturas místicas chamadas Talástreas. O roteiro original vem sendo desenvolvido desde 2016, e tem na equipe Marina Torrecilha, responsável pelas artes do jogo. O W.Rádio Brasil conversou com Marina, confira abaixo:
Sobre o trabalho de pesquisa para a construção do roteiro de Ponami, Marina afirma: “somos extremamente apaixonados pela cultura latina e da história dos povos antes, durante e depois das invasões européias na América. Dentre elas, a cultura Inca está intensamente adaptada, em conjunto também com a filosofia hindu. A deusa Pacha Mama e a deusa Kali foram as fundadoras da personalidade da nossa guerreira”, explica.
As culturas diferentes e exóticas são um atrativo a mais nos jogos, porém são um assunto pouco trabalhado. O jogo teve grande repercussão em mercados específicos, segundo Marina: “Ponami teve um retorno intenso na Índia. Até porque seu nome é de origem indiana, que nos rendeu mais de 300 mil downloads de lá”. Um exemplo de que o diferente pode atrair potenciais públicos estrangeiros para as produções nacionais.
O projeto passou por dificuldades, segundo Marina, foram “muitas, ainda temos muitas limitações em implantar alguns recursos que precisamos para continuar no universo dela, que serão seis mundos, e lançamos o primeiro ainda”. Os cinco mundos restantes serão DLCs também gratuitas, que expandirão o universo de Ponami para outras civilizações: Deserto de Indorur, Pântano Sombrio de Zulo Zulo, Geleiras de Nagnir, Ilhas Flutuantes e Vulcão Mosco.
O jogo possui uma protagonista feminina; Marina fala sobre os estereótipos das mulheres no mundo dos games: “em sua maioria, as mulheres protagonistas ou coadjuvantes ainda sofrem o estigma superficial de ter que seguir esse padrão de dominante sexy, ou fofa e frágil, que precisa ser resgatada ou protegida. Ainda bem que estamos começando a construir um universo inteligente e mais adaptado a realidade, onde as personagens agora são mulheres que transcendem essa visão limitada que empresas e equipes de jogos produziam com os anos”.
Marina Torrecilha tem 28 anos, é modeladora 3D, ilustradora digital e artista de games. Formada em Bacharelado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), também fez curso de Animação 3D no ArtAcademia, em São Paulo. Tem experiência em criação de personagens em stop motion com espuma de látex, criação de cenários, roteiros e personagens para games.
A Jogos Aurora existe desde 2015, e possui dois outros títulos lançados para dispositivos Android: Laser Defense e Dragon Rings, que também podem ser baixados na Play Store.