O afastamento da chefe do Departamento de Meio Ambiente e responsável pelo Fundo Amazônia no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Daniela Baccas, não foi motivada por irregularidades, assegurou hoje (23), no Rio de Janeiro, o presidente da instituição, Joaquim Levy. Ele informou que está trabalhando no aprimoramento da governança do fundo, mas descartou a possibilidade de isso ter contribuído para o afastamento de Daniela.
“A gente foi muito claro que não havia nenhuma suspeita de irregularidade, nem nada disso. Jamais deve ser interpretado (assim)”. Levy disse que é natural que haja rotações de funcionários nos cargos. “Eu acho que não se deve tirar ilações que jamais foram feitas ou levantadas em relação ao Fundo Amazônia”.
Levy disse que cada operação do Fundo Amazônia deve ser olhada na sua especificidade, porque elas são diferentes”. Segundo o presidente, a Embaixada da Noruega disse não ter visto até agora nenhuma proposta de mudança. “Ela também foi enfática. Por enquanto, não houve”. Levy admitiu que tem conversado com frequência sobre o fundo com o embaixador norueguês, Nils Martin Gunneng.
Prêmio
O presidente participou nesta quinta-feira do 8º Green Rio, evento de bioeconomia que ocorre até sábado (25) no Rio de Janeiro. Ele lançou no evento a segunda edição do Prêmio BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais. A iniciativa visa reconhecer e divulgar boas práticas de salvaguarda e conservação de bens culturais imateriais associados à agrobiodiversidade e à sociobiodiversidade.
Joaquim Levy disse que o BNDES, enquanto instituição financeira, é muito envolvido na área da economia verde. “Quase 20% dos nossos desembolsos no ano passado, algo da ordem de R$ 12 bilhões, foram exatamente nessa área, em particular em energias renováveis”. Nos últimos anos, o banco investiu quase R$ 35 bilhões em energias alternativas, como eólica, biomassa, solar, informou.
Ferramenta
Segundo Levy, uma das ferramentas “extraordinárias” que o Brasil dispõe na área da economia verde é o Fundo Amazônia, voltado para a preservação do principal bioma brasileiro. Para ele, o Fundo Amazônia é “uma experiência importante inclusive de cooperação internacional com Noruega e Alemanha”. Levy destacou que o fundo beneficia atividades extrativistas sustentáveis, como é o caso do babaçu, por exemplo, e comunidades indígenas, e trabalha não só com organizações não governamentais (ONGs), mas também com estados e o governo federal.
O presidente disse que o Fundo Amazônia teve participação importante no cadastramento ambiental rural, que contribui para melhorar a qualidade da agricultura nacional, cria oportunidades de investimento e criação de riqueza, por meio do reflorestamento. O fundo apoiou o cadastramento de mais de 740 mil propriedades rurais, o que corresponde a 10% do território nacional. Outra atividade importante é o rastreamento das cadeias produtivas, o que contribui para fortalecer e enriquecer as comunidades que vivem dessas atividades.
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Edição: Fábio Massalli