As superbactérias são microorganismos que desenvolveram resistência a vários tipos de antibióticos, os medicamentos usados para combater infecções bacterianas.
Isso significa que eles podem causar doenças graves e até fatais, sem que haja um tratamento eficaz disponível.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as superbactérias são uma das maiores ameaças à saúde pública no mundo, pois podem comprometer a capacidade de tratar doenças comuns, como pneumonia, tuberculose, gonorreia e infecções urinárias. Além disso, elas podem aumentar o risco de complicações em cirurgias, transplantes, quimioterapia e outras intervenções médicas.
No Brasil, as superbactérias são responsáveis por cerca de 33 mil mortes por ano, de acordo com um estudo publicado em 2019 pela revista científica Lancet Infectious Diseases. O país é o segundo mais afetado pela resistência bacteriana na América Latina, atrás apenas do México.
O que são antibióticos e como surgem as superbactérias?
Os antibióticos são substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias. Eles foram descobertos na primeira metade do século XX e revolucionaram a medicina, salvando milhões de vidas de doenças que antes eram incuráveis.
No entanto, o uso indiscriminado e inadequado dos antibióticos ao longo dos anos favoreceu o surgimento das superbactérias. Isso acontece porque as bactérias são capazes de se adaptar e desenvolver mecanismos de defesa contra os medicamentos, transmitindo essas características para as gerações seguintes.
Alguns fatores que contribuem para a resistência bacteriana são:
- O consumo excessivo de antibióticos, sem prescrição médica ou por tempo maior do que o indicado;
- A falta de adesão ao tratamento, interrompendo-o antes do fim ou não seguindo as orientações do médico;
- A automedicação, usando antibióticos para tratar doenças que não são causadas por bactérias, como gripes e resfriados;
- A falta de higiene, que facilita a transmissão de bactérias entre as pessoas e o ambiente;
- A contaminação ambiental, por meio do descarte inadequado de antibióticos e de resíduos de animais tratados com esses medicamentos;
- A falta de controle e fiscalização do uso de antibióticos na agropecuária, que pode levar à ingestão de resíduos dessas substâncias nos alimentos de origem animal.
Como prevenir e combater as superbactérias?
A prevenção e o combate às superbactérias dependem de uma ação conjunta de governos, profissionais de saúde, indústria farmacêutica, produtores rurais e população em geral. Algumas medidas que podem ser tomadas são:
- Usar antibióticos somente quando prescritos por um médico, seguindo rigorosamente as doses, os horários e a duração do tratamento;
- Não interromper o tratamento antes do fim, mesmo que os sintomas melhorem, pois isso pode favorecer a sobrevivência das bactérias mais resistentes;
- Não usar antibióticos para tratar doenças que não são causadas por bactérias, como gripes e resfriados, pois eles não têm efeito sobre vírus ou fungos;
- Não compartilhar antibióticos com outras pessoas, pois cada caso requer uma avaliação médica e uma prescrição específica;
- Manter hábitos de higiene, como lavar as mãos com frequência, cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, evitar contato com pessoas doentes e limpar superfícies e objetos que possam estar contaminados;
- Evitar o uso de produtos de limpeza e cosméticos que contenham antibióticos, pois eles podem contribuir para a resistência bacteriana;
- Exigir que os alimentos de origem animal sejam produzidos de forma sustentável, sem o uso abusivo de antibióticos, e que sejam fiscalizados pelos órgãos competentes;
- Apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de novos antibióticos, que possam combater as superbactérias mais resistentes.
As superbactérias são um problema grave e urgente, que requer a conscientização e a colaboração de todos. Somente assim, poderemos preservar a eficácia dos antibióticos e garantir a saúde das gerações futuras.