O vírus sincicial respiratório (RSV) é um dos maiores assassinos silenciosos de crianças e idosos no mundo.
A cada ano, cerca de 33 milhões de pessoas são infectadas pelo RSV, das quais 3 milhões são hospitalizadas e 60 mil morrem, principalmente em países de baixa e média renda. O RSV causa infecções respiratórias que podem evoluir para pneumonia, bronquiolite e asma.
No entanto, a pandemia de COVID-19 trouxe uma mudança inesperada na dinâmica do RSV. As medidas de saúde pública para prevenir a COVID-19, como o uso de máscaras, o distanciamento social e o fechamento de escolas, também reduziram drasticamente as infecções por RSV em 2020 e 2021. Isso significa que muitas crianças não foram expostas ao RSV nesse período e não desenvolveram imunidade natural ao vírus.
Quando essas medidas foram relaxadas em alguns países, o RSV voltou com força total, causando surtos fora de época entre as crianças que não tinham sido infectadas antes. Esses surtos sobrecarregaram os sistemas de saúde já fragilizados pela COVID-19 e aumentaram o risco de complicações graves e mortes por RSV.
Diante desse cenário alarmante, a comunidade científica tem trabalhado incansavelmente para desenvolver estratégias preventivas contra o RSV. Uma das mais promissoras é a vacinação, que pode induzir uma resposta imune duradoura e proteger contra a infecção. Várias vacinas candidatas contra o RSV estão em fase avançada de testes clínicos, incluindo vacinas convencionais que usam partes inativadas ou enfraquecidas do vírus, e vacinas modernas que usam material genético ou vetores virais para estimular a produção de anticorpos.
Outra estratégia preventiva é a administração de anticorpos antivirais, que são moléculas que se ligam ao vírus e impedem sua entrada nas células. Esses anticorpos podem ser produzidos em laboratório ou extraídos do plasma de pessoas que se recuperaram da infecção. Eles podem ser usados como uma forma de imunização passiva, ou seja, uma proteção temporária que dura algumas semanas ou meses. Essa abordagem pode ser útil para os grupos mais vulneráveis ao RSV grave, como bebês prematuros, crianças com doenças crônicas e adultos mais velhos.
Ambas as estratégias preventivas mostraram resultados animadores em ensaios clínicos de fase III, que são os últimos estágios antes da aprovação regulatória. Algumas delas já receberam autorização de uso emergencial em alguns países e devem estar disponíveis nos hospitais ainda este ano. Essas estratégias podem salvar milhões de vidas e reduzir o impacto do RSV na saúde pública mundial.