Um novo estudo sugere que imagens tridimensionais da retina podem ajudar a monitorar a saúde dos rins e detectar doenças renais em estágios iniciais.
A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, foi publicada na revista científica Nature Communications.
A retina é a camada de tecido na parte de trás do olho que capta a luz e envia sinais para o cérebro. A retina é o único lugar onde é possível ver um processo chamado de microcirculação, que é o fluxo de sangue através dos menores vasos sanguíneos do corpo. Esse processo é frequentemente alterado na doença renal, que afeta a capacidade dos rins de filtrar o sangue e eliminar as toxinas.
Os pesquisadores usaram uma tecnologia chamada tomografia de coerência óptica (OCT) para medir a espessura da retina em pacientes com diferentes estágios de doença renal, incluindo pacientes que receberam um transplante renal. A OCT é uma técnica que usa ondas de luz para criar uma imagem em corte transversal da retina, mostrando cada camada individual, em poucos minutos. A OCT é usada na maioria das óticas de rua para avaliar a saúde ocular.
Os resultados mostraram que os pacientes com doença renal crônica tinham retinas mais finas do que os voluntários saudáveis, e que o afinamento da retina progredia à medida que a função renal diminuía. Essas mudanças eram revertidas após um transplante renal bem-sucedido, que restaurava a função renal. Os pacientes que receberam um transplante renal apresentaram um espessamento rápido da retina após a cirurgia.
Os autores do estudo afirmam que a varredura ocular pode ser usada para apoiar o diagnóstico precoce da doença renal, pois os exames de triagem atuais não conseguem detectar a doença renal até que metade da função renal tenha sido perdida. Além disso, a varredura ocular é um método rápido e não invasivo, que não requer amostras de sangue ou urina.
A doença renal é um problema de saúde pública que afeta cerca de 10% da população mundial. No Brasil, estima-se que mais de 10 milhões de pessoas tenham algum grau de comprometimento renal. A doença renal pode levar à insuficiência renal, que requer diálise ou transplante renal para manter a vida. A doença renal também está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares, como infarto e derrame.
Os sintomas da doença renal podem incluir inchaço, cansaço, falta de apetite, náuseas, vômitos, coceira, pressão alta e alterações na urina. No entanto, muitas vezes esses sintomas só aparecem em fases avançadas da doença, quando o tratamento é mais difícil e menos eficaz. Por isso, é importante fazer exames periódicos para avaliar a saúde dos rins, especialmente se houver fatores de risco, como diabetes, hipertensão, obesidade, tabagismo, histórico familiar ou idade acima de 60 anos.
A prevenção da doença renal envolve hábitos de vida saudáveis, como manter uma alimentação equilibrada, beber água, praticar atividade física, controlar o peso, evitar o consumo de álcool e cigarro, e seguir as orientações médicas. Caso a doença renal seja diagnosticada, o tratamento deve ser iniciado o quanto antes, para retardar a progressão da doença e evitar complicações.