Estudo mostra que medicamento injetável reduz em até 98% a necessidade de operação para retirada de pólipos nasais; laboratório aguarda aprovação da Anvisa para novo uso no Brasil
Um novo medicamento chamado tezepelumabe, desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca, demonstrou eficácia significativa no tratamento da rinossinusite crônica com pólipos nasais. Segundo estudo clínico publicado no The New England Journal of Medicine, o remédio reduziu em 98% a necessidade de cirurgia e em 88% o uso de corticoides entre os pacientes analisados.
A pesquisa foi conduzida com 203 voluntários que sofrem com essa condição inflamatória crônica das vias respiratórias, e representa um avanço no tratamento de uma doença que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. No Brasil, o medicamento já é aprovado para o controle da asma grave, e a fabricante aguarda parecer da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para sua nova indicação.
O que é a rinossinusite com pólipos?
A rinossinusite crônica ocorre quando os seios da face e a cavidade nasal permanecem inflamados por mais de 12 semanas, podendo formar pólipos nasais — pequenas protuberâncias benignas que obstruem a passagem de ar, prejudicam o olfato e provocam sintomas persistentes como congestão nasal, dor de cabeça e perda do olfato.
“Esses pólipos são comuns em pacientes que têm rinite alérgica ou asma mal controlada”, explica o imunologista Pablo Foncesa, professor da Universidade de São Paulo (USP). “Eles surgem justamente pela inflamação contínua da mucosa nasal.”
Como funciona o novo tratamento?
O tezepelumabe é um anticorpo monoclonal, tipo de medicamento que atua bloqueando mecanismos específicos do processo inflamatório no corpo. Ele é injetável e deve ser aplicado uma vez a cada quatro semanas.
Entre os efeitos colaterais mais comuns estão dor de cabeça e sangramento nasal leve, mas o tratamento passou nos testes de segurança realizados durante o estudo clínico.
Fatores de risco para desenvolver a doença
Especialistas apontam que a rinossinusite crônica com pólipos é mais comum em pessoas com:
- Rinite alérgica não tratada
- Sinusite aguda de repetição
- Asma grave
- Alergia a medicamentos como aspirina e anti-inflamatórios (AINEs)
O que vem a seguir?
Com os resultados positivos do estudo, o próximo passo é a aprovação da Anvisa para o uso do tezepelumabe no tratamento da rinossinusite crônica no Brasil. Se liberado, o remédio poderá beneficiar pacientes que convivem há anos com os sintomas e que frequentemente precisam de cirurgia para remover os pólipos.
“Esse tipo de medicamento pode mudar a abordagem terapêutica da doença e evitar intervenções cirúrgicas em boa parte dos casos”, destaca Pablo Fonseca.